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Construindo o futuro: a importância do ESG na união da cadeia

Prática vislumbra um agronegócio mais ético e ambientalmente responsável
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Patrícia Bragante | patricia@dc7comunica.com.br

No contexto do agronegócio, o ESG, sigla para Environmental, Social and Governance, que em português significa Ambiental, Social e Governança, trata-se de um conjunto de práticas  que medem o impacto sustentável e ético de uma empresa, a fim de promover a responsabilidade social e manter uma governança transparente e eficiente.

Ligada pela própria natureza, a atividade está intrinsecamente associada às questões ambientais como um elemento chave. Em conformidade com o ponto de vista da transparência, tudo aquilo que a boa governança das empresas exige passa a se relacionar com a atividade rural, buscando induzir os produtores a avançarem em suas práticas ESG.

“Os produtores brasileiros não devem olhar como um fardo a mais para ser cumprido, mas como uma grande oportunidade, um diferencial competitivo do Brasil. Outros países não conseguem adotar, na plenitude, as práticas do ponto de vista socioambiental, por conta do próprio ambiente climático”, frisa o coordenador do Pensa da FIA Business School, Cláudio Pinheiro Machado Filho.

O Pensa é o programa institucional da Fundação Instituto de Administração ( FIA), dedicado à Governança e Gestão de Sistemas Agroindustriais, atuante no contexto nacional e internacional do agronegócio.

“Os produtores brasileiros não devem olhar como um fardo a mais para ser cumprido, mas como uma grande oportunidade”, comenta Cláudio Pinheiro Machado Filho (Foto: reprodução)

De acordo com Cláudio, professor doutor no programa de pós-graduação em Administração na Faculdade de Economia e Administração (FEA/USP) de Governança Corporativa, o desafio neste cenário é a conexão dentro das cadeias produtivas: “Quanto mais a indústria do agro e os produtores rurais se conectarem, quanto mais coordenações existirem dentro das cadeias produtivas para que a agenda ESG evolua, mais o Brasil terá condições de se destacar globalmente”.

A aceleração desse processo deve ser impulsionada pelas inovações tecnológicas, que tornam mais viáveis as conexões dentro das cadeias produtivas. Se a indústria do agronegócio e os produtores rurais no Brasil estiverem bem coordenados e conectados, haverá muito mais oportunidades do que desafios.

“Precisamos perseguir essa tendência para garantir nosso sucesso no futuro. Isso é uma condição indispensável para que a indústria da atividade rural possa articular junto aos produtores em um processo bem conduzido de ganha-ganha em termos de possibilidades de arranjos produtivos”, avalia o coordenador do Pensa e completa: “Sem a adesão dos produtores rurais, a indústria não consegue”.

Um exemplo é o da cadeia de carne bovina, a qual vem enfrentando o desafio de ter toda a rastreabilidade da origem do gado, desde a fase de engorda até recria e cria, sendo mapeada. “A indústria está lidando com essa questão e elaborando metas ousadas em termos de mapeamento dentro de uma década”, pontua Cláudio.

“Essas práticas evidenciam as principais tendências e desafios do setor”, relata João Paulo Franco (Foto: reprodução)

Como o dia 23 de maio, o dia da união da cadeia de proteína animal, representa um momento de reflexão sobre a importância da integração e cooperação em toda a cadeia produtiva, o coordenador de Produção Animal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Paulo Franco, acredita que o ESG desempenhará um papel fundamental no futuro da produção animal no Brasil.

“Essas práticas evidenciam as principais tendências e desafios do setor. E neste contexto, a produtividade e conservação são o mantra. A aplicação efetiva dos princípios ESG na produção animal brasileira não apenas garantirá a sustentabilidade ambiental e social, mas abrirá portas para novas oportunidades de mercado e fortalecerá a reputação do País”, ressalta João.

Segundo o coordenador de Produção Animal da CNA, a união dos diferentes elos da cadeia produtiva é essencial para fortalecer as práticas de ESG, com cada elo desempenhando um papel único e interconectado no processo de produção e comercialização de produtos de origem animal.

“Acredito que a principal barreira a ser superada é a divergência de interesses entre os elos, principalmente quando a questão é financeira. Para isso, será necessário um esforço conjunto e coordenado entre os elos envolvidos. Pois isso é uma responsabilidade de todos”, finaliza João.

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