Camila Santos I camila@dc7comunica.com.br
Dados fornecidos pelo Ministério da Economia e sistematizados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) informam que o estado de Santa Catarina encerrou 2024 com resultados históricos nas exportações de carnes, embarcando 1,97 milhão de toneladas, um aumento de 6,6% em relação ao ano anterior. As receitas somaram US$ 4,15 bilhões, registrando alta de 3,2% e consolidando o melhor desempenho da série histórica iniciada em 1997. Frangos lideraram as exportações catarinenses, com 1,17 milhão de toneladas e US$ 2,29 bilhões em receitas, destacando a demanda crescente de mercados como o Japão, que aumentou suas importações em 25,2% no volume e 8,4% no valor.
No Rio Grande do Sul, o cenário foi desafiador. De acordo com o boletim divulgado pela Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), um caso isolado da doença de Newcastle, detectado em julho de 2024, impactou severamente as exportações de carne de frango. O estado registrou queda de 6,5% no volume exportado, totalizando 691,7 mil toneladas, e redução de 12,7% nas receitas, que somaram US$ 1,266 bilhão. O prejuízo estimado foi de US$ 184,8 milhões, agravado por enchentes que afetaram a infraestrutura avícola. Apesar dos esforços para erradicar rapidamente a crise sanitária, o episódio destacou a necessidade de reforçar medidas preventivas e sanitárias.
Ainda de acordo com a Asgav, no setor de ovos o estado gaúcho apresentou um crescimento de 4,3% no volume exportado, totalizando 6,5 mil toneladas. No entanto, as receitas caíram 19%, atingindo US$ 17 milhões, reflexo da queda nos preços médios no mercado externo e da concorrência internacional. Ainda assim, o desempenho indica um avanço na consolidação das exportações da proteína, com perspectivas positivas impulsionadas pela alta do dólar no início de 2025.
Enquanto isso, o Paraná reafirmou sua posição como maior produtor nacional de frango. No terceiro trimestre de 2024, o estado abateu 547,5 milhões de aves, representando 33,7% da produção nacional, que totalizou 1,6 bilhão de animais, segundo o IBGE. Embora a quantidade seja ligeiramente inferior ao segundo trimestre (565,5 milhões), o Paraná mantém sua liderança consolidada no setor. Entre janeiro e setembro de 2024, o estado produziu 1,66 bilhão de aves, com julho sendo o mês mais produtivo, registrando 194 milhões de abates.
O contraste entre Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná ilustra as dinâmicas regionais e os desafios enfrentados pela avicultura nacional. Enquanto Santa Catarina e Paraná consolidam posições de destaque em exportações e produção, respectivamente, o Rio Grande do Sul trabalha para superar perdas e reforçar sua infraestrutura sanitária.
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o setor avícola brasileiro, que soma 1,6 bilhão de aves abatidas entre julho e setembro de 2024, continua a ser uma força global e deve se respaldar nos investimentos em sanidade, planejamento estratégico e inovação para garantir a competitividade e a expansão sustentável da indústria em 2025.
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