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Aumento do peso de carcaça de bovinos no Brasil

Ao longo de 22 anos, passou de 228,2kg em 2000 para 267,4kg em 2022, com incremento de 17,2%
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FOTO: REPRODUÇÃO

O protagonismo e a liderança do Brasil no mercado global de carne bovina nos últimos anos têm sido um estímulo ao desenvolvimento e ao aumento da produção.

O crescimento do rebanho e da produtividade, mediante a adoção de novas técnicas de manejo nutricional, sanitário e reprodutivo, possibilitou um aumento da eficiência na produção, em menor espaço e tempo e, carcaças mais pesadas ao longo dos anos.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o peso das carcaças passou de 228,2 kg em 2000, para 267,4 kg em 2022, incremento de 17,2% ao longo de 22 anos, ou um crescimento de 0,78% ao ano. O abate de bovinos no Brasil inclui as categorias de machos (bois e novilhos) e de fêmeas (vacas e novilhas). O abate das fêmeas influencia a média do peso das carcaças e apresenta sazonalidade, dependendo da época do ano e da fase no ciclo pecuário de preços.

Em 2000, o peso médio da carcaça dos machos era de 245,8 kg, e em 2022, o peso médio foi de 278,0 kg, aumento de 13,1% em pouco mais de duas décadas. Para as fêmeas, o incremento foi maior, atingindo 19,4%, passando de 180,5 kg em 2000 para 246,8 kg em 2022 (figura 1).

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A maior participação das fêmeas no abate de bovinos diminui a média dos pesos das carcaças.  Mesmo com a redução, a média anual dos pesos está crescente.

O abate de fêmeas concentra-se no primeiro semestre, o que tende a diminuir a média de peso de carcaças nesse período e, a depender da fase do ciclo pecuário de preços, esse quadro intensifica-se.

O maior abate de fêmeas no primeiro semestre acontece por causa do descarte de fêmeas diagnosticadas vazias (não prenhes) ao final da estação de monta.

Considerando o último período de baixa do ciclo pecuário de preços, entre 2017 e 2019, é notável os menores pesos médios das carcaças nos primeiros semestres. A dinâmica de pesos entre o primeiro e segundo semestre do ano pode ser observada na figura 2.

Na fase de baixa de preços em 2018, foram abatidas mais de 16 milhões de cabeças, cujo peso médio foi de 249,2 kg. Em 2021, ano da fase de alta do ciclo, foram abatidas aproximadamente 13,8 milhões de cabeças, 13,54% a menos, e o peso médio de carcaça foi de 269,08 kg, variação de 7,98%.

O menor peso de carcaça em 2018, apesar da maior quantidade de cabeças abatidas em comparação a 2021, ocorreu devido a 42% do abate ser composto por fêmeas. No ano da alta, esse percentual foi de 34%.

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O ciclo de preços que se confunde com o ciclo de produção, ocorre em intervalos menores de tempo. Passou de 9 anos nas últimas décadas para cerca de 5 anos.

Quando a oferta de boiadas diminui, a cotação da arroba do boi gordo aumenta, o que, consequentemente, eleva os preços da reposição. Com a alta da cotação da reposição, os investimentos na cria e a retenção de fêmeas ocorrem, caracterizando a fase de alta. A retenção de fêmeas, resultará em uma maior produção de bezerros, aumentando a oferta, reduzindo os preços, concretizando a fase de baixa. Essa situação provoca o abate de fêmeas, que é causa e consequência dessas flutuações.

Na figura 3, está a flutuação do número de abate de fêmeas nas fases de alta e baixa do ciclo pecuário, enquanto o abate de machos quase não muda ao longo dos anos, ou apresenta pouca oscilação. 

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As técnicas adotadas na produção pecuária nos últimos anos permitiram o aprimoramento dos índices zootécnicos, por exemplo, o maior peso da carcaça. No entanto, a maior participação de fêmeas no abate em determinadas épocas do ano e do ciclo de produção pecuária promove a diminuição das médias de peso, principalmente no primeiro semestre do ano.