Os dados de crescimento do agronegócio brasileiro nos últimos 20 anos são impressionantes. Calculado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o PIB do agronegócio cresceu de R$ 500 bilhões em 2003 para R$ 2,6 trilhões em 2023.
Atrelado a este crescimento, assistimos a toda uma profissionalização do setor, com incremento rápido e eficiente de tecnologias, desenvolvimento de novos mercados, maiores produtividades e lucratividades, políticas ESG etc. São muitos exemplos de melhorias realizadas da porteira e das plantas agroindustriais para dentro.
Também são visíveis e bastante eficazes os esforços para desenvolver relações com o mercado, envolvendo cadeias de fornecedores, compradores, investidores e consumidores em ações de promoção de marcas. No entanto, há espaço para o agro caminhar no sentido de implantar uma comunicação profissionalizada e verdadeiramente estratégica, que retrate a realidade de um setor altamente tecnificado e consciente de seu papel nas questões ligadas à sanidade, segurança alimentar e sustentabilidade. É, portanto, de comunicação eficiente que estamos falando.
No geral, as organizações que atuam no agro precisam cada vez mais se dedicar a processos intensos de relacionamento com outros públicos. Sim, consumidores e investidores são determinantes para o sucesso dos negócios, mas junto com eles há uma gama de outros públicos igualmente importantes para a existência das organizações. Colaboradores, imprensa, organizações não governamentais, universidades, entidades representativas, autoridades, representantes de comunidades, só para enumerar alguns – e cada organização, na sua especificidade, tem públicos de interesse próprio que precisa considerar, conhecer e se relacionar.
Os objetivos dos relacionamentos estão diretamente ligados às razões de existir das organizações. Por exemplo, é impossível uma agroindústria operar sem se relacionar com a comunidade do entorno, da qual depende para, por exemplo, contratar mão-de-obra apropriada. Mas como construir esses relacionamentos de forma eficiente?
Posicionamento claro, transparência e diálogo são elementos fundamentais neste processo, aliados a diretrizes de comunicação que passam por reflexões como ‘com quem falamos, por que falamos e como falamos’. Por último, e não menos importante: é necessário empoderar suas áreas de marketing e de comunicação, compondo esses departamentos por profissionais com habilidades técnicas e gerenciais e fazer com que sejam ouvidos pela alta gestão.
Empresas que incluem profissionais de comunicação em suas decisões estratégicas conseguem trazer elementos do cenário externo e dos diálogos com seus públicos para as discussões internas. Este fluxo faz com que as organizações sejam, ao mesmo tempo, mais bem compreendidas pelos seus públicos de interesse e reduzam seus riscos quanto a crises de reputação, só para exemplificar.
Num cenário em que a tecnologia está acessível a todos, a voz é de quem quiser se expressar e é preciso que as organizações do agronegócio a considerem e dialoguem com seus públicos de maneira apropriada. Afinal, é da imagem um setor vital que estamos falando.
*Cristiane Vieira é diretora de atendimento da Pg1 Comunicação, agência que há 30 anos atua no agronegócio. É graduada em Comunicação pela PUCPR e especialista em comunicação corporativa e em gestão estratégica. Há 20 anos desenvolve estratégias e ações de comunicação para organizações do setor.
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