No cenário global, os marcos regulatórios externos sofrem influência das mudanças geopolíticas, que refletem ideias unilateralistas, protecionistas e nacionalistas, além do enfraquecimento do multilateralismo. Outros fatores como as preferências do consumidor e questões climáticas também desempenham um papel crucial.
Essa foi a tônica discutida durante o webinar “ABAGTALKS – Agronegócio e Geopolítica: o papel do Brasil frente às novas regulamentações estrangeiras”, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG).
Para o embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Brasil necessita adotar uma postura estratégica, desenvolvendo uma agenda positiva e proativa. “É fundamental apresentar propostas embasadas cientificamente, aliadas a uma massa crítica e por meio de alianças com outros países”, ressaltou Azevêdo.
Diante da fragmentação decorrente da polarização entre países, Azevêdo enfatizou a necessidade de ações imediatas, visto que organismos internacionais estão enfraquecidos e carecem de agilidade. Ele destacou o papel do Brasil, especialmente no setor do agronegócio, como um protagonista potencial nesse contexto.
Caio Carvalho, presidente da ABAG, compartilhou a preocupação com o unilateralismo, que contribui para a desconfiança e a imprevisibilidade no cenário internacional. “É imperativo estabelecer uma geopolítica de interesse global, baseada em ciência e em métricas, para favorecer o diálogo e a confiança”, afirmou Carvalho.
O trabalho de articulação proposto pelo Brasil demandará tempo, conforme ressaltado por Azevêdo, pois requer a formação de alianças estratégicas em diversos blocos. “No caso da segurança alimentar, os Estados Unidos podem ser um grande aliado”, exemplificou o embaixador, destacando a importância de cooperação mesmo em contextos diversos.
Renata Miranda, secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura e Pecuária, sublinhou o compromisso do Brasil com a sustentabilidade. Ela destacou a relevância do cooperativismo e do associativismo para a transição tecnológica, além de abordar a questão do carbono na agricultura.
Marcelo Regunaga, coordenador-geral do Grupo de Países Produtores do Sul (GPS), ressaltou o potencial alimentar e ambiental dos países membros, incluindo o Brasil. Ele defendeu a necessidade de uma ação conjunta entre o setor público e o privado para enfrentar desafios globais, salientando a importância de respeitar a realidade de cada país.
O webinar destacou a complexidade dos desafios que o Brasil e outros países enfrentam diante das mudanças geopolíticas e dos novos marcos regulatórios externos. A necessidade de uma abordagem colaborativa e baseada em evidências científicas foi consenso entre os participantes, visando garantir a sustentabilidade do agronegócio e a segurança alimentar global.
Fonte: ABAG, adaptado pela equipe FeedFood.
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