Toda vez que uma visão polarizada de governos brasileiros se intrometeram em uma questão milenar do Oriente Médio deu errado. Foi questão de tempo para voltarmos à velha sabedoria da neutralidade consciente da diplomacia nacional com respeito às questões que estão além das nossas fronteiras e além do comércio. Pois como afirmava o poeta português Camões: “Quem faz o comércio, não faz a guerra”.
O maior mercado brasileiro para o agronegócio está no conjunto asiático. O segundo maior mercado brasileiro está na União Europeia. O terceiro maior cliente do Brasil é o acordo do livre comércio NAFTA, com Estados Unidos, México e Canadá. E o 4º maior freguês brasileiro é exatamente o conjunto dos países do Oriente Médio, onde o mercado Halal muçulmano, no total do planeta, com mais de 2 bilhões de pessoas consome do Brasil mais de US$ 6 bilhões anuais e pode triplicar de tamanho.
A relação comercial entre o Brasil e o Oriente Médio movimenta mais de 24 bilhões de dólares, com um saldo para o Brasil de mais de 6 bilhões de dólares. Com os países da liga árabe, exportamos milho, soja, proteína animal e importamos fertilizantes num total de 4 bilhões de dólares.
O Irã, especificamente, um país persa, é o 15º maior cliente brasileiro importando milho, soja e carne. E do Irã importamos fertilizantes. O Irã, além dos famosos tapetes persas, petróleo, produz tâmaras, trigo, uvas, nozes, caviar, e tem uma posição de observador dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Israel está na 54º posição no ranking de clientes brasileiros e importamos fertilizantes e químicos como defensivos agrícolas de Israel.
O agroconsciente estratégico brasileiro perante o mapa ideológico, religioso, político polarizado, com conflitos milenares e seculares não resolvidos do mundo nos conduz obrigatoriamente a uma posição acima de fronteiras e de polarizações.
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