Nos últimos 10 anos, os números do confinamento no Brasil impressionam. O volume de animais praticamente dobrou neste período e as práticas nutricionais e ligadas ao manejo evoluíram sensivelmente (Silvestre e Millen 2021). A profissionalização da atividade foi uma consequência do aumento no custo operacional efetivo, além do crescente ágio na reposição, que refletiu no estreitamento das margens.
Neste sentido, é fundamental para maximização dos resultados, da “porteira para dentro”, a utilização de dietas ajustadas, o controle qualitativo de insumos, de modo a garantir o atingimento do potencial de ganho genético dos animais, e o planejamento tático e estratégico do confinamento.
Para tanto, há uma questão importante a ser resolvida. Qual período de cocho deve ser planejado? Sem dúvida esta variável tem grande influência sobre o resultado do confinamento, visto impacto no fluxo de caixa, performance animal, plano de insumos e receita bruta.
Ao avaliarmos a evolução histórica deste item de planejamento, têm-se incrementado o período de permanência dos animais no cocho (figura 1 e 2), mesmo com custo crescente de dieta, ágio na compra de animais e operacional, mas qual fundamentação técnica para tal decisão?
Se fizermos uma pesquisa rápida da simples pergunta: “Quando devo abater meu boi?”, provavelmente a maioria das respostas seria: naquele dia que o resultado econômico for o melhor possível. No entanto, para chegarmos neste ponto devemos avaliar vários fatores bioeconômicos, intrínsecos de cada operação, o que dá complexidade à decisão.
No intuito de suportar esta decisão em nossos clientes, a equipe de gerenciamento de dados da Cargill trabalhou em um modelo que pudesse avaliar sistematicamente o custo de dieta, o valor de compra e venda e potencial de ganho dos animais, sendo customizável para eficiência produtiva de cada confinamento. Buscando por meio do objetivo produtivo de cada confinador (lucro por boi, rentabilidade total ou rentabilidade mensal) encontrar os dias ótimos de cocho. Desta forma nasceu o programa Make More Money Model (4 M), que realmente reflete na pratica a tradução literal de seu nome, Modelo de fazer mais dinheiro.
Para avaliação através do 4M, primeiramente é feito a calibração para eficiência produtiva do confinamento em questão, com input dos dados zootécnicos da operação e das dietas utilizadas, que podem ser do último ciclo, ou de lotes anteriores. Após, segue-se com a inclusão dos dados econômicos, como custo de compra, frete, operacional, processamento, taxa de juros, além da modalidade de negócio trabalhada, se boi próprio, parceria ou boitel, para realização das análises e projeções em cada cenário.
Feito isso, vamos a um exemplo prático, no confinamento A. onde o principal indicador é lucro por boi, e o período médio de cocho é de 111 dias. Há uma oportunidade de incrementarmos o lucro em até R$ 71,94 por animal abatido. Se este confinamento abate anualmente 15 mil animais, estamos tratando de R$ 1.079.100,00 em oportunidade.
Indicadores zootécnicos como GMD, GDC, sim serão reduzidos, haverá piora na eficiência biológica e conversão alimentar, todos ponderados no modelo (Tabela 1)
Mas se neste mesmo confinamento A o principal alvo fosse a máxima rentabilidade mensal, o ponto ótimo estaria muito próximo ao do realizado, com projeção de 109 dias para entregar melhor resultado.
Agora nos deparamos com outra definição importante: qual é o indicador prioritário para seu confinamento? Lucro (R$.cab) ou Rentabilidade (%.mês)?
Em linhas gerais e simplificando o raciocínio, vamos pensar na vaga do confinamento. Se houver ociosidade da planta e/ou dificuldade de compra de animais magro, faz sentido explorar o máximo lucro por animal. Por outro lado se o fluxo contínuo não for dificuldade, faz sentido explorar retorno mensal, para extrair da estrutura ao final do ciclo o melhor resultado.
Por último, mas não menos importante, a que risco o confinador está exposto? Qual probabilidade de a margem não ser alcançada após o confinamento? Neste momento mais uma vez o 4M fornece ao confinador o risco que ele está exposto na atividade em não conseguir a margem almejada. (Figura 4).
Assim partindo de premissas e dados confiáveis e direcionamento produtivo sólido, o confinador pode contar com o poder analítico do 4M para suportá-lo em decisões estratégicas precisas para o atingimento dos melhores resultados possíveis. Afinal, este é o foco: fazer mais dinheiro.
Autor: Adriano Jorge Possamai, Consultor Técnico Regional