Em agosto de 2024, o setor avícola brasileiro foi impactado diretamente pelo caso de Doença de Newcastle (DNC) registrado no Rio Grande do Sul (RS), o que resultou em restrições às exportações de carne de frango. No entanto, o mercado se reestruturou rapidamente nos meses seguintes, buscando retomar as exportações e redirecionar os embarques para países cujas restrições se aplicavam apenas a uma área de 10 km ao redor do foco da doença. Em novembro, os números das exportações de carne de frango do RS mostraram uma recuperação notável, com crescimento de 16,5% em volume, somando 9,2 mil toneladas a mais do que no mesmo período de 2023. Em termos de receita, o aumento foi ainda mais expressivo, de 26,9%, alcançando US$ 125,8 milhões, ou US$ 26,6 milhões a mais do que no ano anterior.
Apesar dessa recuperação pontual, o acumulado de janeiro a novembro de 2024 ainda aponta uma queda nas exportações de carne de frango do RS, com redução de 5,3% em volume e 13% em receita, totalizando US$ 1,158 bilhão. Essa queda corresponde a um prejuízo estimado de US$ 173 milhões devido à redução de 35,2 mil toneladas exportadas, impactadas principalmente pela DNC. Embora a região tenha enfrentado também as enchentes em maio, o efeito sobre as exportações não foi tão severo, uma vez que não houve embargos, mas ajustes nas rotas e nos períodos de embarque. O setor, que inicialmente esperava um crescimento de 3% a 4% nas exportações para 2025, agora enfrenta desafios para alcançar essas metas.
Em relação à produção de ovos, o estado do RS experimentou um pequeno crescimento de 2,6% nas exportações entre janeiro e novembro de 2024, somando 156 toneladas a mais do que no mesmo período de 2023. No entanto, a receita gerada pelas exportações de ovos teve uma queda significativa de 22,9%, atingindo US$ 15,5 milhões. Essa diminuição é atribuída à variação nos preços médios das toneladas no mercado internacional e à concorrência de outros países produtores.
Apesar desse cenário, a alta do dólar pode ajudar a reverter a situação no curto prazo. O presidente da Organização Avícola do RS (Asgav/Sipargs), José Eduardo dos Santos, expressou otimismo ao destacar a importância da recente Conferência Brasil da Indústria e Produção de Carne de Frango, realizada em Gramado, como um marco para a recuperação do setor.
“Estamos em busca de recuperação, recentemente com a realização da grande Conferência Brasil da Indústria e Produção da Carne de Frango, que promovemos em Gramado, passamos uma importante mensagem que estamos prontos para recuperar mercados e atender aquelas centenas de importadores que fidelizamos ao longo da trajetória pujante das nossas exportações.”
A nível nacional, as exportações de carne de frango do Brasil registraram desempenho positivo entre janeiro e novembro de 2024. O volume total embarcado foi de 4,845 milhões de toneladas, um aumento de 3,7% em relação ao ano anterior. A receita também subiu, alcançando US$ 9,071 bilhões, um crescimento de 1% em comparação com 2023. Destacam-se os principais destinos das exportações, como China, Japão, Emirados Árabes Unidos e México, que apresentaram aumentos significativos nas compras de carne de frango brasileira. Ricardo Santin, presidente da ABPA, afirmou que as exportações têm demonstrado uma recuperação consistente, com altas consecutivas nos últimos meses, o que projeta uma tendência positiva para o setor até o final de 2024.
No segmento de ovos, o Brasil enfrentou um cenário mais desafiador, com quedas tanto em volume quanto em receita. Entre janeiro e novembro de 2024, as exportações de ovos caíram 32,9%, somando 16,4 mil toneladas, enquanto a receita despencou 42,4%, atingindo US$ 34,9 milhões. A instabilidade no mercado internacional, exacerbada por crises e conflitos em diversas regiões, tem afetado negativamente o setor. No entanto, o mercado de ovos continua a atrair o interesse de vários países, com a expectativa de que a fidelização de clientes importantes ajude a sustentar as exportações nos próximos anos.
Fonte: Asgav, adaptado pela equipe FeedFood.
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