Estudo identificou a presença do vírus em bovinos e cervídeos no interior de São Paulo
Durante comemoração de 92 anos do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), que ocorreu na 32ª Reunião Anual do Instituto Biológico, foram apresentados resultados de pesquisa científica inédita desenvolvida no Brasil pelo IB que identificou a presença do zika vírus em bovinos e cervídeos no interior do Estado de São Paulo.
De acordo com a pesquisadora do Instituto, Liria Hiromi Okuda, foram analisadas amostras de 3.103 bovídeos, sendo 1.607 bovinos e 56 cervídeos da região Nordeste e Noroeste do Estado de São Paulo, além dos Estados do Pará (845), Mato Grosso (268), Minas Gerais (156), Paraná (2), Santa Catarina (11) e 158 fetos de diversos Estados brasileiros. A coleta das amostras foi realizada pelo Núcleo de Pesquisa e Conservação de Cervídeos da Unesp, campus de Jaboticabal.
“A partir das análises moleculares e sorológicas concluímos a infecção pelo vírus zika em cervídeos do Estado de São Paulo. Por sua vez, em bovinos identificamos a exposição prévia a esse agente, evidenciado pelo teste sorológico de virusneutralização. Este é um resultado inédito no País. A pesquisa mostra que esses animais podem ser hospedeiros desse vírus. Precisamos lembrar que a transmissão pelo vírus zika é pela picada do mosquito infectado, portanto, os bovinos podem contribuir na disseminação da doença, apenas se forem picados por esses mosquitos e depois, os mesmos picarem o homem”, explica a pesquisadora do Instituto Biológico.
Segundo Liria, o fato de se ter encontrado o vírus nos animais não significa que houve manifestação clínica da doença. “Os bovinos estavam sadios no momento da colheita das amostras. Entretanto, segundos relatos dos pesquisadores da Unesp, após o resultado das análises moleculares, alguns animais apresentaram febre e ocorreram nascimento de cervídeos abaixo do peso ou natimortos. Precisamos, porém, obter maiores dados para avaliar se esses sintomas foram decorrentes do vírus zika ou se foram problemas pontuais, causados por outros fatores. Esses animais foram negativos para língua azul, doença que causa sintomas semelhantes como febre, baixo peso e natimortalidade”, afirmou.
A coleta do sangue foi realizada em fevereiro de 2018, período compatível com a época de maior multiplicação dos insetos, já as análises sorológicas foram finalizadas em outubro de 2019.
Os estudos com o objetivo de verificar a ocorrência do vírus em animais e sua interface com os humanos foram inciados em 2016.
IB. O Instituto Biológico foi fundado em 1927 e se tornou referência no Brasil e no exterior em pesquisas científicas na área de sanidade animal, sanidade vegetal, conservação ambiental e pragas urbanas.
Durante a cerimônia de aniversário, foi entregue a medalha Rocha Lima, mais importante honraria do Instituto, para o atual coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Antonio Batista Filho. A escolha do homenageado foi feita por meio de indicação de nomes pelos Centros de Pesquisa e posterior votação dos indicados.
Fonte: A.I., adaptado pela equipe feed&food.