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Avaliação dos benefícios de B-Safe sobre a taxa de sobrevida de tilápias do nilo expostas a Streptococcus agalactiae

Por: The Center for Aquaculture Technologies I ADM
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Parte 1

Introdução

Os  benefícios  de  B-Safe  sobre  o  crescimento  de  peixes  foram  demonstrados  em  dois  ensaios1  sob condições normais e de alta densidade. B-Safe jamais foi testado em tilápias expostas a desafio bacteriano, embora tenha havido observação de aumento da sobrevida em camarões2 após desafios por bactérias patogênicas.

A bactéria Streptococcus agalactiae é um importante patógeno de tilápias do Nilo e causa alta mortalidade em diversas regiões de produção em todo o mundo. Surtos agudos da doença podem resultar em mortalidade de até 80%, mas uma pressão constante de baixo nível pode levar à piora de desempenho e baixos índices diários de mortalidade. Vacinação e antibióticos são as práticas atualmente empregadas para limitar as perdas por Streptococcus. spp. O setor, entretanto, busca soluções alternativas e eficientes que possam contribuir para a redução do uso de antibióticos e atenuar a pressão de resistência.

O objetivo deste ensaio foi avaliar a eficácia B-Safe em condições de desafio por patógenos sobre a sobrevida de Tilápias do Nilo expostas à infecção por S. agalactiae por co-habitação.

Materiais e métodos

Animais, Alojamento & Duração

O ensaio foi conduzido em uma fazenda de P&D localizada no Canadá e dividido em 2 partes:

  • Fase Pré-Desafio: Uma população de 900 machos de Tilápia do Nilo, de peso inicial de 7,4 g, distribuídos em 15 tanques circulares de capacidade de 35 litros interligados através de um Sistema RAS único (Recirculating Aquaculture System) – duração: 42 dias.
  • Fase Pós-Desafio: Um dia antes do desafio, os peixes de cada tanque foram pesados em conjunto e reunidos por tratamento. Em seguida, 540 peixes foram redistribuídos e transferidos para 9 tanques circulares de desafio (3 grupos x 3 réplicas) de 120 litros de capacidade em um único sistema de RAS, alimentado com água fresca de recirculação a uma temperatura de 26-28°C. Esta fase teve a duração de 28 dias, entre os 43 e 71 dias e os peixes foram denominados co-habitantes.

1 Technical Bulletin Aqua n°l & 2

2 Technical Bulletin Aqua n°3 a 6

Desafio

No dia 43 do estudo, peixes no papel de “cavalo de Tróia” foram infectados com S. agalactiae através de injeção intraperitoneal e reunidos com peixes co-habitantes à razão de 25% da população total do tanque (15 inoculados + 60 co-hab.) para os grupos B e C (infectados). No caso do grupo controle negativo, os peixes foram inoculados via injeção intraperitoneal de solução salina tamponada com fosfato e foram adicionados ao tanque controle negativo (grupo A) à razão de 25% da população total do tanque (ver tabela a seguir).

Dieta

Os animais foram divididos em 3 grupos durante as fases de pré-desafio e desafio:

Parâmetros

  • Sobrevida e morbidade avaliados duas vezes ao dia
  • Avaliação macroscópica de patologia (observação de sinais clínicos de infecção por S. agalactiae)
  • Avaliação de desempenho zootécnico: peso (aos 43, 71 dias) e fornecimento diário de ração

Estatística

A análise estatística foi conduzida dependendo dos parâmetros através de ANOVA ou Log-rank (Mantel-Cox). A análise estatística foi conduzida utilizando GraphPad Prism para MacOS (v.9.1.0), com um limiar de significância de P < 0,05.

Resultados e discussão

Desafio

Não se observou mortalidade no grupo controle negativo nem nos peixes co-habitantes nem nos peixes inoculados. Este fato demonstra que não ocorreu contaminação entre os tanques durante o ensaio. A mortalidade acumulada de peixes co-habitantes do grupo controle positivo foi de 64,3% ao final do ensaio (d71), indicando bom desempenho do modelo de desafio.

Taxa de sobrevida pós-desafio de peixes co-habitante

Os peixes co-habitantes suplementados com B-Safe apresentaram sobrevida significativamente mais elevada ao final do ensaio (d 71) em comparação ao grupo controle positivo (48,9% vs 35,7%; P<0,05). A taxa de sobrevida passou a declinar na mesma intensidade que no grupo controle positivo, mas o platô foi atingido mais precocemente e se manteve em valor mais baixo. Os sinais clínicos observados nos peixes mortos confirmaram infecção por Streptococcus (hemorragia cutânea, de base das nadadeiras e visceral…).

Desempenho zootécnico

O peso vivo inicial dos peixes co-habitantes foi de 39,7 g aos 43 dias. Ao final do ensaio, os sobreviventes do grupo controle negativo apresentaram peso significativamente mais elevado que os grupos infectados. Como a taxa de mortalidade variou de 51% a 64%, os resultados de ganho de peso não apresentaram relevância suficiente para análise.

Conclusão

Este ensaio avaliou o efeito de B-Safe sobre a sobrevida de Tilápias do Nilo após exposição a S. agalactiae. Os peixes suplementados com B-Safe demonstraram aumento estatisticamente significativo na sobrevida em comparação aos peixes infectados alimentados com a dieta controle.

Para melhor compreender como B-Safe resulta em maior sobrevida, os resultados de análises hematológicas são apresentados no relatório TB 08.

Parte 2

Introdução

Os  benefícios  de  B-Safe  sobre  o  crescimento  de  peixes  foram  demonstrados  em  dois  ensaios1  em condições normais e de alta densidade. Sob desafio de Streptococcus agalactiae em Tilápia do Nilo, foi observada uma melhoria estatística na capacidade de sobrevivência graças ao B-safe, já observado2 em camarões3 após desafios com bactérias patogênicas.

Parâmetros

  • Análises hematológicas (hematócrito, contagens de hemácias e de leucócitos)

Estatística

A análise estatística foi conduzida através de ANOVA e realizada usando GraphPad Prism para MacOS (v.9.1.0), com limiar de significância de P < 0,05.

Resultados e discussão

Hematócrito (PCV – Packed Cell Volume)

A evolução do Ht foi analisada entre o final do período pré-desafio e o final do período pós-desafio em sobreviventes co-habitantes. Hemorragia pode resultar em decréscimo significativo do Ht. O desafio levou a uma redução significativa do Ht no grupo controle positivo (infectado) em comparação com o grupo controle negativo (não infectado). O valor do Ht permaneceu no mesmo nível entre os períodos pré- e pós- desafio quando os animais foram suplementados com B-Safe. A adição de B-Safe contribuiu para limitar o efeito negativo da infecção por S. agalactiae sobre o hematócrito e, desta forma, pode ter contribuído para reduzir o estresse. Pode também sugerir que a hemorragia foi menos importante ou que a renovação celular foi mais intensa quando os animais foram alimentados com a dieta contendo B-Safe.

1 Technical Bulletin Aqua n°l & 2
2 Technical Bulletin Aqua n°7
3 Technical Bulletin Aqua n°3 a 6


Eritrócitos

Ao final do ensaio, foi observada uma redução da contagem de eritrócitos no grupo controle positivo em comparação ao grupo controle negativo. Os eritrócitos são as células da série vermelha do sangue e esta observação é coerente com os efeitos negativos das bactérias tipo Streptococcus, que são bactérias hemolíticas e induzem uma redução da contagem de eritrócitos, o que comprova que o desafio foi eficiente.

Os peixes suplementados com B-Safe apresentaram contagens mais elevadas de eritrócitos que os peixes infectados alimentados com a dieta controle (P=0,12). Esta contagem mais elevada nos peixes suplementados com B-Safe pode sugerir menos hemorragia e/ou hemólise. A contagem de eritrócitos nos peixes suplementados com B-Safe permaneceu no mesmo nível que nos peixes do grupo controle negativo. Além disso, a maior contagem de eritrócitos permite maior transporte de O2, o que poderia limitar o estresse sobre os peixes

Leucócitos

Ao final do estudo, as contagens de leucócitos (5,7 vs 3,8; P<0,05) e, especialmente, de linfócitos (3,9 vs 1,9; P<0,05) foram significativamente mais elevadas nos peixes suplementados com B-Safe que no grupo controle positivo. Uma infecção deve resultar em elevação da contagem total de leucócitos (somatória de linfócitos + granulócitos + monócitos). Consequentemente, demonstrou que B-Safe participou do suporte da resposta imunológica.

Conclusão

Este ensaio avaliou o efeito de B-Safe sobre as análises hematológicas (Hematócrito, Contagens de Eritrócitos e Leucócitos) depois do desafio com S. agalactiae e sugere que a suplementação conferiu maior resilência aos animais contra episódios hemorrágicos, reduziu a hemólise induzida por esta bactéria hemolítica e resultou em melhor resposta imunológica quando os peixes foram alimentados com uma dieta suplementada com B-Safe. Estes efeitos podem explicar a melhora estatística da sobrevida de Tilápias do Nilo demonstrada no Boletim Técnico TB n°7.

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