Introdução
Com a aproximação do verão, muitos avicultores já começam a se preocupar com os danos causados pelo estresse calórico no desempenho de frangos de corte e poedeiras, colocando em prática estratégias disponíveis para passar o período com as menores perdas possíveis. Apesar de todos os esforços para melhorar a ambiência, ajustes na nutrição em termos de densidade de nutrientes e balanço eletrolítico, é esperado e conhecido que perdas de maior ou menor intensidade no período ainda ocorrerão.
Infelizmente as aves são animais desenhados pela natureza com ferramentas anatômicas e fisiológicas muito mais eficientes para reter do que para perder calor. Além disso, o melhoramento genético a que foram submetidas as aves modernas selecionou animais com foco em alta produtividade e apesar da resiliência ao calor estar nos modelos de seleção atual, ainda não contamos com animais totalmente adaptados a exposição ao calor sem apresentar perdas significativas.
Nos últimos anos, vemos avanços substanciais em termos de equipamentos e instalações no sentido de se ter um ambiente mais adequado para a criação das aves, porém os resultados destes avanços esbarram em limites técnicos e econômicos impostos pelas expectativas de eventos climáticos extremos.
Identificar o momento em que as aves se encontram em estresse calórico, bem como entender como as aves reagem fisiologicamente e quais pontos da cadeia metabólica sofrem mais danos é importante para a elaboração de estratégias de intervenções nutricionais que podem ser úteis para minimizar os danos causados pelo estresse calórico.
Como identificar uma situação de estresse calórico?
O primeiro indicativo de estresse calórico deve ser dado por um instrumento que não deveria faltar em nenhuma granja: O Termômetro, ou um termo-higrômetro, já que a umidade do ar também é um componente importante a identificação da situação de estresse calórico.
Outro ponto importante é conhecer as faixas ótimas para estes parâmetros e “ acender uma luz amarela” todas as vezes em que estes parâmetros são ultrapassados. De maneira geral, para poedeiras em produção podemos definir as faixas entre 20 – 28ºC (40 a 75% UR) e entre 18 – 23ºC (50 a 70% UR) para frangos de corte após os 28 dias (fases em que as aves são mais prejudicadas pelo estresse calórico) e ter consciência de que em situações de pleno verão nas condições brasileiras, são faixas de temperatura e umidade difíceis de manter mesmo em aviários com boas condições de ambiência.
Quando os limites de termoneutralidade são ultrapassados, o primeiro efeito observado é a redução no consumo de alimento e aumento no consumo de água, acompanhado do aumento da ofegação e tem por objetivo manter a temperatura corporal, diminuindo a produção de calor interno (Fig. 1)
Visualmente, aves em situação de estresse calórico apresentam os seguintes sinais externos:
- Vaso dilatação periférica
- Fezes mais líquidas
- Aumento de frequência respiratória
- Penas eriçadas
- Diminuição da atividade
- Aumento do consumo de água
- Diminuição do consumo de ração.
Todos estes sinais são reflexos de alterações que acontecem a nível metabólico e que estão ocorrendo longe de nossas vistas. São estas alterações que realmente levam à perdas, muitas vezes significativas, no desempenho e que se corrigidas podem minimizar estas perdas.
O que ocorre “dentro” da Ave e que está na origem das perdas?
Aves em condição de estresse calórico passam por uma série de anomalias que são produzidas pela ativação de mecanismos fisiológicos de defesa que visam adaptar o animal a uma nova condição ambiental ou mesmo por danos diretos causados pelo calor sobre várias eventos metabólicos. Estas anomalias se apresentam em forma de cadeia, onde um evento leva a outro, que busca compensação, e que, ao final, promovem o desequilíbrio (fig. 2)
Algumas estratégias nutricionais com ajustes no balanço eletrolítico, adensamento da dieta, ajustes nos níveis de PB e fornecimento de aminoácidos sintéticos visando diminuir a produção de calor metabolito, suplementações vitamínicas, etc, apresentam alguma eficácia para mitigar os efeitos negativos do estresse, porém não são suficientes. Hoje já há o entendimento que o estresse calórico produz eventos fisiológicos mais profundos e que demandam ferramentas mais específicas que vão atuar em outras partes da cadeia metabólica.
Outros eventos importantes produzidos pelo estresse calórico que demandam ferramentas especiais para reduzir os impactos
Quando expostas ao estresse calórico, a ave aciona mecanismos fisiológicos adaptativos que acabam resultando em um custo muito elevado à manutenção da homeostase, produzindo anomalias fisiológicas que se somam e se retroalimentam (Fig.3).
Estresse Oxidativo:
O estresse oxidativo é um fenômeno causado por um desequilíbrio entre a produção e o acúmulo de espécies reativas de oxigênio (EROs) em células e tecidos e a capacidade de um sistema biológico de desintoxicar esses produtos reativos. As ERO são produzidas principalmente pelas mitocôndrias, tanto em condições fisiológicas quanto patológicas, ou seja, o O2 pode ser formado pela respiração celular, pelas lipoxigenases (LOX) e ciclooxigenases (COX) durante o metabolismo do ácido araquidônico e pelas células endoteliais e inflamatórias. Os radicais livres são compostos altamente reativos, desnaturando proteínas, oxidando lipídios ou mesmo causando danos ao DNA quando alcançam o núcleo da célula. Para um entendimento bastante simples para explicar o aumento da produção de radicais livres em situação de estresse calórico, podemos dizer que o aumento da produção de radicais livres é resultado do atendimento das demandas metabólicas de energia por parte das mitocôndrias para suporte a toda a cadeia de eventos adaptativos ao calor. O estresse oxidativo alimenta e é retroalimentado por praticamente todas as anomalias fisiológicas decorrentes do estres calórico, produzindo danos que vão desde a integridade, até a redução de imunidade ou redução da habilidade reprodutiva.
Redução da integridade intestinal
A monocamada de enterócitos acumula uma infinidade de funções que vão muito além de estarem na
linha de frente dos processos de digestão e absorção. Ela também seleciona “o que” e determina “como” o que está na luz do intestino vai ganhar acesso a corrente sanguínea. Os enterócitos estão unidos por uma estrutura chamada zona de oclusão, estrutura complexa formada por várias proteínas, tendo a ocludina e claudina como proteínas principais. De maneira simples, podemos entender as zonas de oclusão como uma “costura” entre os enterócitos e quanto mais íntegra está esta estrutura, mais difícil que componentes “indesejáveis” que estão na luz do intestino passem pela monocamada de enterócitos e produzam danos sistêmicos (fenômeno da transmigração). Outro ponto importante é entender que todo o aparato imunorreativo do sistema imune intestinal se encontra na lamina própria, sendo que a monocamada de enterocitos exerce uma função de “isolamento”, impedindo que potenciais antígenos que se encontram na luz do intestino, entrem em contato com a lâmina própria e deem início a toda a cadeia de ativação do sistema imune inato gerando reações inflamatórias. (Fig.4)
As anomalias metabólicas resultantes do estresse calórico produzem forte impacto tanto sobre a integridade das zonas de oclusão quanto sobre a própria integridade da monocamada de enterócitos. O mecanismo envolvido nestes eventos está sumarizado na fig.5.
Inflamações
Em termos gerais, as inflamações são relacionadas a reações protetoras essenciais pois estão envolvidas com reações naturais do organismo para reparar lesões e combater patógenos, porém dentro do contexto de produção animal e especificamente em se tratando de estresse calórico, as inflamações produzem efeitos devastadores na performance produtiva. Isto se deve basicamente a 3 características importantes das reações inflamatórias:
1. A manutenção de um processo inflamatório é altamente demandante de energia, e compete diretamente pela energia usada pelo metabolismo para suportar os processos de crescimento produção.
2. Processos inflamatórios por definição resultam em aumento da produção de calor metabólico, o que em si já é um grande problema principalmente quando este calor é somado ao calor ambiente.
3. Em situações de estresse, manter a higidez de todos os sistemas é fundamental e uma das características dos processos inflamatórios é a perda total ou parcial da função dos tecidos onde ela se manifesta. Em uma situação de estresse calórico, o intestino é o órgão mais afetado por processos inflamatórios. A perda ou a redução das funções de absorção de água e consequentemente a redução da eficiência dos mecanismos de controle osmótico, somada a perda da função da barreira intestinal são chave para explicar a origem dos danos produzidos pelo estresse calórico.
Todas as estratégias nutricionais visando mitigar os efeitos negativos do estresse calórico devem dar atenção especial em como lidar com os 3 pontos expostos acima (Estresse oxidativo, redução da integridade intestina e inflamações). Diversas pesquisas apontam que a inclusão de certos compostos nas dietas das aves apresentam impacto significativo para mitigar os efeitos do estresse calórico. A inclusão de bicarbonato de Na (visando corrigir anomalias do pH sanguíneo), Betaina (como regulador osmótico), vitamina C (potente agente anti-oxidante celular) e Ácido acetil salicílico (termo regulador) muitas vezes são usados como estratégia.
Atualmente, as atenções estão voltadas para estudos sobre o potencial dos fitogênicos como ferramentas auxiliares na mitigação dos impactos negativos do estresse calórico nos animais de produção. Avanços das técnicas de análises laboratoriais juntamente com execuções de protocolos experimentais a cada dia mais elaborados, têm jogado luz sobre os principais mecanismos de ação destes compostos, principalmente no que diz respeito a diminuir os danos causados pelo estresse oxidativo, inflamações e suporte a manutenção da integridade intestinal em animais expostos ao estresse calórico.
Fitogênicos são compostos naturais encontrados em plantas e são usados na medicina humana e veterinária há milhares de anos. Estes compostos estão na linha de frente dos mecanismos de defesa usados pelos vegetais contra pragas, doenças ou desafios ambientais e muitos deles apresentam efeitos bioativos em organismos superiores que variam desde efeitos sensoriais, antimicrobianos ou até mesmo estimular ou inibir processos fisiológicos no nível de expressão gênica. Atualmente, parte dos mecanismos de ação dos vários fitogênicos conhecidos já estão elucidados, porém existe muito trabalho de pesquisa a ser feito neste sentido. Por exemplo, ainda existem muitas lacunas sobre interações entre distintos fitogênicos (sinergias e antagonismos).
Experimento conduzido na Universidade de Beauvais, França, avaliou 2 extratos vegetais ricos em alcaloides sanguinarina e neoliganos conhecidos principalmente pela ação anti-inflamatória e antioxidante celular.
Células epiteliais do cólon humano foram cultivadas em uma membrana para mimetizar a barreira intestinal. O modelo também imita o lúmen intestinal de um lado (compartimento apical) e a lâmina própria do outro lado (compartimento basal). As células do compartimento basal foram colocadas em contato com um coquetel de citocinas para simular um desafio inflamatório.
Foram realizadas avaliações de resistência elétrica trans epitelial (TEER), como referência de estudos da higidez da zona de oclusão entre os enterócitos e produção de IL8, referência para avaliar reações inflamatórias, duas manifestações importantes do estresse calórico. Os resultados deste estudo mostraram que a combinação dos alcalóides foi mais eficiente do que cada alcaloide isoladamente
(Fig.6)
Um ponto importante sobre o uso de aditivos para minimizar os efeitos negativos do estresse calórico é entender que, dado a complexidade do problema, onde diversos sistemas fisiológicos podem ser comprometidos, não existe uma solução única. Combinar vários compostos que ajudem o metabolismo
a corrigir cada uma das anomalias metabólicas observadas no transcorrer de eventos de estresse
calórico parece ser a estratégia mais eficiente.
Fresh UP: Uma abordagem completa e holística para mitigar os problemas causados pelo estresse calórico.
Fresh UP é uma formulação única cujo os componentes foram selecionados por apresentarem modo de ação sinérgico comprovado para atuar na atenuação dos efeitos negativos produzidos pelo estresse calórico.
A combinação sinérgica de extratos fitogênicos ricos em sanguinarina e neoglicanos, ajudam a mitigar importantes efeitos negativos do estresse calórico como inflamação e redução da integridade intestinal. Soma se a isso os reconhecidos efeitos benéficos do ácido ascórbico em regular a produção de corticosterona e combater os efeitos do estresse oxidativo, a betaína com efeitos osmorreguladores e o bicarbonato de sódio com os efeitos tamponantes e temos uma solução abrangente como ferramenta para mitigar os efeitos do estresse calórico, atuando de maneira eficiente corrigindo as diversas anomalias metabólicas caudas pela exposição dos animais a altas temperaturas.
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