Melhoramento levou o País a se tornar o segundo maior exportador do sêmen da raça
Gabriela Salazar, da redação
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Um desenho genético preparado para o clima brasileiro. A raça, que existe há 110 anos, ganhou características próprias ao adentrar no Brasil há 25 anos. No ano em que completa seu “jubileu de prata”, os criadores de Brahman tem muito a celebrar: de importador, o País passou a segundo maior exportador de seu material genético.
A raça fica atrás apenas do Nelore, mas se sobressai no quesito crescimento. De acordo com os dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia), foram quase 28 mil doses vendidas em 2017. Tendo como principais importadores: Guatemala, Bolívia, Paraguai, Panamá, Colômbia, México, Costa Rica e Peru.
Quem elenca a lista de compradores é o presidente da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), Paulo Scatolin. O gestor ressalta, em entrevista ao nosso portal, as características do animal e enfatiza a sua consolidação em solo nacional. “O Brahman é formado por quatro raças zebuínas: Guzerá, Gir, Nelore e Krishna Valley. O norte-americano formou essa raça a partir do que há de melhor nestes zebuínos. Utilizando, inclusive, Nelores brasileiros”, explica.
Economia e robustez. Além das adaptações realizadas em seus genomas para o clima tropical, como exposto por Scatolin, o animal também coleciona características que propiciam o interesse na criação da raça como gado de corte. Entre elas está a alta fertilidade, precocidade, rendimento e o acabamento da carcaça.
O animal também se destaca pela economia gerada aos pecuaristas, já que possui boa adaptabilidade a diferentes tipos de dieta. “É um gado rustico, um zebuíno que se adapta bem. Hoje, já é o zebu com maior presença no mundo inteiro, chegando a mais de 80 países”, salienta o presidente da ACBB.
“A criação do Brahman no Brasil é para a raça de corte. A consequência da exportação do sêmen é devido ao melhoramento da raça no País. Daqui saíram animais de excelente qualidade. No ano passado fizemos o campeão mundial da raça. Nossa produção vai muito bem, temos Brahman do sul até o norte”, complementa Scatolin.
Essas vantagens elevam o interesse pela raça e sua qualidade dará origem ao selo, que segundo o presidente da associação, deve ser lançado até 2020. Para obter a certificação “Carne Brahman Beef Premium” será necessário que o produto possua, ao menos, 50% da raça Brahman. Scatolin explica que será fornecido o selo para carnes como Premium e Selection.
Dos EUA ao Brasil. O Brahman brasileiro é produto do cruzamento de linhagens provenientes do Estados Unidos, Paraguai, Colômbia, África do Sul e Austrália. Dando origem a animais com características únicas, que elevam a produção nacional ao nível de exportadora. Mas a história começou bem antes.
De acordo com informações fornecidas pela própria ACBB, os primeiros contatos da raça com o solo nacional vieram apenas em 1994, resultante de ações iniciadas ainda em 1988, ano em que a Federação Internacional do Zebu (Ficebu) é criada e o padrão racial do Brahman foi editado sendo um dos principais passos para a entrada da raça no País.
Entre os anos 90 e 92, a gestão da época da ABCZ trabalhou para a importação do Brahman fosse permitida. A documentação foi apresentada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e aprovada. Já em 94, finalmente, foi autorizado pelo órgão a abertura do livro de Registro Genealógico da raça Brahman. Daí em diante, a raça, por si só, formou a sua história em solo nacional, conquistando com seu gene toda a América Latina.