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Pecuária leiteira – atividade não perecível

Pecuária leiteira – atividade não perecível. Longe das crises, setor ganhou liberdade e liderança em curto período
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Longe das crises, setor ganhou liberdade e liderança em curto período

Dos emblemáticos comerciais televisivos com personagens – quase –  inesquecíveis (quem não se vestiu/vestiu os filhos de bichinho na infância?) aos cafés da manhã ao lado da família. De alguma maneira, ele remete à nostalgia. Seja na garrafa de vidro ou plástica, no papelão ou no saquinho, o leite faz parte da vida da maioria de nós – mamíferos.

Ele é um dos alimentos essenciais para o nosso fortalecimento desde os nossos primeiros dias de vida. Além de vitaminas e minerais, o leite também é fonte de outras riquezas: o Brasil, hoje, é o quarto maior produtor mundial. A consolidação do setor ainda é recente no País, se comparada as demais atividades agropecuárias. O saudosismo também remete a este período, em que o Real possibilitou novos rumos ao mercado leiteiro no Brasil.

A demora para que a atividade tomasse um forte viés econômico estava nas questões políticas e mercadológicas da época. Apenas no início da década de 90, o tabelamento teve seu fim decretado. A extinção do controle por parte exclusiva do governo, entretanto, também trouxe dificuldades para o mercado, que patinou por um longo período até, de fato, se estabelecer.

As mudanças deram margem para a abertura comercial externa em um momento propício: criação do Mercosul e da estabilização da economia do País, a partir do Plano Real. A fase foi decisiva para a pecuária leiteira, com as oportunidades crescendo, era hora dos produtores fortalecerem suas produções, investindo em profissionalização.

Outro fenômeno que impulsionou a atividade neste período foi a chegada do leite longa vida.  Um dos efeitos imediatos foi a expansão das bacias leiteiras no País, principalmente no centro-oeste e no norte. De acordo com o artigo, publicado pela Associação Brasileira de Produtores de Leite (Leite Brasil), só no Estado de São Paulo o consumo atual é de 43% e na Grande São Paulo, aproximadamente, 25%. O produto também revolucionou as embalagens, deixando os saquinhos para trás. “Antes imbatíveis como sistemas de envase, os saquinhos plásticos, por questões tecnológicas, não resistiram ao furacão longa vida em suas embalagens cartonadas”, diz o texto publicado pela associação.

Qualidade, eficiência e produtividade. A crescente do mercado trouxe a necessidade de ampliação dos negócios. Com a chegada de várias multinacionais fabricantes de tanques de expansão, ampliando o uso tecnologias. Além disso, outra saída para aumentar a escala produtiva foi a redução dos custos de produção e de transporte, investindo em diferenciações do produto, como o tipo A e B.

“Houve também investimentos em vacas especializadas de raças europeias, alimentos concentrados (farelo de soja, fubá de milho, polpa cítrica, etc.), alimentos volumosos (pastagens, forrageiras de alta produção, silagem, fenação, etc.), equipamentos de ordenha e resfriadores de leite”, elucida a Embrapa Gado de Leite, em pesquisa publicada em seu site.

A modernização, entretanto, também promoveu perdas: a exclusão de produtores em todo o País. “Dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), mostram que o número de produtores de leite reduziu 25,9% entre 1996 e 2006, com redução de quase 470 mil propriedades que deixaram de produzir leite em uma década”, pontua a Embrapa.

Neste período, a produção evoluiu significativamente, não somente com as tecnologias, mas também com a adoção do melhoramento genético. A produção nacional de leite cresceu 37,2%, saltando de 18,5 bilhões de litros em 1996 para 25,4 bilhões em 2006. Já no período de 2006 a 2015, a produção aumentou 89%.

O avanço abriu espaço para a modernização no processo de recria, a monta natural gradativamente foi dando lugar a técnica de inseminação artificial. Com isso, a presença de touros reprodutores no rebanho passou a ser menos frequente nas fazendas de leite, como pontua estudo da Embrapa.

O acasalamento passou a ter um acompanhamento maior, priorizando a seleção genética. “Além disso, as pesquisas voltadas ao melhoramento genético das raças Gir Leiteiro e Girolando, apoiados pelos Programas Nacionais de Melhoramento dessas raças, executados pela Embrapa junto às Associações Nacionais de criadores, também contribuíram de forma decisiva para disponibilizar animais com valor genético superior e ao mesmo tempo adaptados às condições de manejo preconizadas pelo sistema de produção da Embrapa”, salienta o estudo.

Deste cenário em diante, mesmo com perdas, como as do período da greve dos caminhoneiros, onde o setor passou por prejuízos de R$ 1 bilhão, de acordo com a Viva Lácteos, a pecuária leiteira tem se mostrado pronta para atingir novos níveis e o modelo de produção como conhecemos hoje, ainda deve ter grandes evoluções, principalmente com o melhoramento genético. (Fonte: da redação, com informações da Embrapa Gado de Leite e Leite Brasil)