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Censo perfila carcinicultura do Ceará e Rio Grande do Norte

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Em 2022, a ABCC realizou os Censos da Carcinicultura dos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, o líder e vice-líder da produção de camarão marinho cultivado do Brasil, incluindo informações atuais e detalhadas sobre os seus respectivos desempenhos produtivos em 2021, revelando a dimensão dos diversos segmentos que compõem suas importantes cadeias produtivas, nos 2 (dois) principais produtores (68%) de camarão marinho cultivado do Brasil.

Aplicando a metodologia universal de censos, o setor técnico da ABCC, levantou as estruturas produtivas que compõem a indústria da carcinicultura marinha no CE e RN, incluindo desde a dimensão física, a produção, as características tecnológicas, econômicas, sociais e ambientais, referente aos anos de 2020 e 2021.

Com essas informações sistematizadas, ao se  analisar a evolução da carcinicultura marinha no estado do Ceará, líder da produção de camarão marinho cultivado do Brasil, comparando-se com os dados dos censos da carcinicultura cearense realizados pela ABCC: (1)  2003: (25.915 t; 191 fazendas ativas; 13 Municípios); (2) 2011: (31.982 t; 325 fazendas ativas; 21 Municípios); (3) 2016: (27.614 t; 700 fazendas ativas; 28 Municípios) e, (4) 2021: (55.600 t; 1.786 fazendas ativas; 59 Municípios), ficou muito patente a importância dessa atividade, para o fortalecimento da economia primária dos municípios  de sua intervenção.  

Haja visto, que num espaço de cinco anos (2016 – 700 fazendas) à (2021 – 1.786 fazendas ativas), uma atividade primária, cresceu 155 %, no número de fazendas de camarão, majoritariamente, composta por micros: 1.351 (75,64%), pequenos: 224 (12,54%), médios: 172 (9.63%), grandes: 39 (3,21 %) produtores, que explorando uma área de 13.322,52 hectares, produziram 55.600 t em 2021, ou seja, um incremento de 101, 35 %, em relação a 2016 (27.614 t), cujo principal destaque foi o fato de que 87,12% dos micros e pequenos (1.575) produtores cearenses, não contam com Licenciamento Ambiental, portanto, não tem acesso a qualquer tipo de financiamentos, deixando claro, a falta de apoio governamental e esse estratégico setor.

Por outro lado, um outro aspecto de grande destaque, relacionado ao expressivo crescimento da carcinicultura cearense, foi sem dúvida, a participação do número de municípios (62), que passaram a explorar essa atividade, com um incremento de 121,4%, em relação à 2016 (28), com destaque para a  ampla consolidação da interiorização da exploração do L. vannamei, utilizando águas oligohalinas, de uso insignificante, que até poucos anos atrás era impensável, mas que hoje, está contribuindo para uma nova ordem econômica, em 40 municípios, ou seja, em 22% %, dos 184 municípios cearenses.

Já o censo da carcinicultura marinha realizado pela ABCC, no RN em 2021, revelou que o 2º produtor brasileiro de camarão marinho cultivado, possui 519 fazendas, sendo 452 ativas e 67 inativas, com uma área operacional de 7.473 hectares, localizadas em 36 municípios, cuja produção de 2021 foi de 26.001 toneladas, apresentando um incremento de 33,3% no número de municípios, 25,2% no número de fazendas de camarão e, 45,87% no volume de produção em relação à 2016 (17.824 t).

Na verdade, o destaque do RN, foi o fato de que, em posição oposta ao CE, teve como diferencial, a predominante utilização de águas estuarinas e oceânicas, com um potencial de exploração, superior a 100.000 hectares, o que associado a destacada concessão de Licenças Ambientais, tanto para micros (72%), pequenos (86%), médios (88%) e grandes (96%) produtores, correspondendo a 86% dos 452 empreendimentos em operação no RN, se constitui num atrativo, sine qua nom, para atrair grandes empreendimentos e inclusive Empresas Ancoras, portanto, um diferencial competitivo, que precisa ser explorado pelo governo e empreendedores privados.

Na verdade, o diferencial do desempenho produtivo da carcinicultura marinha do CE, em relação ao RN, sem dúvida, está fundamentado na excelente performance do camarão marinho Litopenaeus vannamei, em águas oligohalinas, interiores, que não exigem maiores investimentos e, cuja utilização de bacias de sedimentação e do salutar processo de recirculação, vem permitindo que os seus limitados recursos hídricos, aliás, salitrados e impróprios para o consumo humano e dessedentação de animais, viabilizem essa nova ordem econômica, que além de micros e pequenos negócios, gera empregos e oferece vida com dignidade no meio rural, um desafio intransponível, do ponto de vista, das atuais políticas públicas, inclusive, contribuindo para a geração de empregos para mulheres e, para até então, impensável reversão do perverso êxodo rural.    

Por isso, merece especial destaque, o fato de que esse expressivo desempenho produtivo nas áreas interiores, com base numa atividade não tradicional, utilizando uma espécie (L. vannamei), originada do Pacífico, se constitui uma verdadeira quimera, cujo principal mérito, é a não dependência de chuvas ou de quaisquer obras ou ações estruturadoras governamentais, tendo como marcante característica, a realização de ciclos contínuos de produção, utilizando mão-de-obra local, sem exigência de qualificação, com uma rentabilidade, de 20-40 vezes, superior às culturas tradicionais de arroz, com o destacado diferencial de não utilizar agrotóxicos.

De forma que, a ABCC, já está fazendo uma ampla divulgação dessas informações, objetivando contribuir para embasar a realização de ações e planos setoriais, no sentido de atrair investimentos estruturadores, que venham apoiar as respectivas expansões da atividade, consolidando tanto suas atuais unidades produtivas, como, contribuindo para a sustentabilidade operacional e fortalecendo, negócios, empregos e renda, nos municípios de suas intervenções.

Notadamente, quando se leva em conta que essa atividade primária, não depende de obras públicas estruturadoras, nem de chuvas, pois utiliza águas impróprias para o consumo humano e dessedentação de animais, apresentando ciclos contínuos de produção, gerando micros e pequenos negócios, cuja rentabilidade, está estabelecendo uma nova ordem econômica e social no semiárido dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, e Sergipe. 

Por isso, ao se destacar a importância do censo setorial (PI, CE e RN0, realizados pela ABCC em 2022, reafirmamos a profissão de fé no futuro dessa atividade, com a ressalva, da necessidade da união de esforços e propósitos do setor produtivo, da sociedade organizada, dos governantes e demais Agentes Públicos, no sentido de priorização de um redobrado empenho, para a atração de Empresas Âncoras ou empreendimentos estruturadores, em apoio a esse estratégico e crucial segmento do setor primário brasileiro, que utiliza terras improdutivas para a agricultura e mão de obra sem exigência de qualificação profissional, criando vida  com dignidade  no meio rural do semiárido nordestino.