Santa Catarina comemora sete anos de reconhecimento internacional de área livre de Peste Suína Clássica (PSC). O reconhecimento foi concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) em 28 de maio de 2015 e trouxe vantagens competitivas no acesso a mercados internacionais para nosso Estado. Santa Catarina é o maior produtor de suínos do País, responsável por mais de 28% da produção. A manutenção desta condição sanitária é fundamental para o acesso a mercados importantes, fortalecendo o setor e as exportações.
Para se fazer justiça é necessário contar como chegamos a esta condição.
Em 1992 foi implantado no Brasil o Programa de Controle e Erradicação da PSC. A estratégia inicial do programa foi a delimitação de três áreas distintas, em conformidade com a situação zoosanitária de cada região. Em 1994, Santa Catarina, juntamente com os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, teve o reconhecimento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) após a realização de inquérito soroepidemiológico para comprovação de ausência de atividade viral nas regiões em que não se praticava a vacinação. Reconhecimento este que veio através da Portaria nº. 189/94.
Em 2015 veio então o reconhecimento internacional do Estado de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul pela OMSA. Para ter obtido o status foi necessário atender a uma série de critérios estabelecidos pela OMSA. Entre as exigências do código sanitário de animais terrestres da OMSA, é necessário notificação de suspeitas de doenças hemorrágicas ou aumento de mortalidade em suínos. É fundamental ter uma equipe preparada, produtores sensibilizados e o envolvimento do setor na prevenção e vigilância para a doença.
As ações relacionadas à vigilância epidemiológica desenvolvidas pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (CIDASC), desde sua criação, contribuíram para a conquista de um status sanitário diferenciado. O setor agropecuário de Santa Catarina vem garantindo ao estado a abertura de mercados internos e externos graças ao trabalho de excelência realizado pelo serviço veterinário oficial, que conta com o apoio do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (ICASA).
No ano passado, o MAPA publicou o Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos, que foi desenvolvido pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO) em colaboração com os setores da iniciativa privada, representando o compromisso em manter e melhorar a vigilância animal implantada no Brasil. Atualmente, cerca de 83% do rebanho suíno brasileiro encontra-se em zona livre de PSC, envolvendo, aproximadamente, 50% do território nacional. O Plano Integrado de Vigilância de Doenças dos Suínos prevê também a vigilância para Peste Suína Africana (PSA) e para a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS).
Porém, há uma zona não livre de PSC que traz preocupação com a possível introdução e disseminação dessa doença no Brasil ou na zona livre. As atenções com trânsito de caminhões e veículos oriundos desta região devem ser redobrados. Recomenda-se não transportar produtos derivados de carne suína das zonas não livres, lavar caminhões e roupas de transportadores que passaram por onde foi encontrado o vírus e efetuar controle rigoroso de acesso às granjas de suínos por meio de um programa de biosseguridade.
A PSC é uma doença de notificação obrigatória que acomete suídeos, não é transmitida ao ser humano ou outras espécies. A rápida detecção de uma eventual introdução dessa doença é essencial para o sucesso das ações de resposta a emergências, o controle e erradicação do foco, com objetivo de recuperação rápida da condição sanitária. Portanto é essencial compartilhar esforços entre os setores público e privado na aplicação de recursos humanos, físicos e financeiros e, assim, assumindo o compromisso de cada um fazer sua parte.
Luciane Surdi, médica Veterinária e Conselheira Técnica no Icasa – Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Foto: Ascom/Cidasc).