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Victor Campanelli define 2022 como ano de resiliência

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Wellington Torres, de Ribeirão Preto

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com colaboração de Gabriela Couto

Definida como esforço coletivo e simultâneo, a sinergia é peça central do bom desenvolvimento produtivo, seja dentro ou fora da porteira, como mostram as empresas Campanelli e TecnoBeef. Ambas são comandadas por Victor Campanelli.

A palavra, como destaca o profissional, é a que mais se encaixa no desenvolvimento dos negócios neste ano: “Em 2020 tivemos o medo da pandemia, não sabíamos onde estávamos navegando, o que ia acontecer com a demanda e para onde iria o mercado. Em 2021, pensamos que iriamos estar em um cenário mais estável, contudo ele foi pautado pela volatilidade”.  Volatilidade esta que também é vista em 2022, com um fenômeno inflacionário bem forte e que deve causar preocupações, como complementa o sócio-diretor.

“Do meu lado, fico muito preocupado com a capacidade de compra da população brasileira, que é o principal cliente da nossa carne. Tem a China, mas 70% da proteína fica aqui no Brasil. Então, eu enxergo 2022 com um risco grande, com taxa de juros altíssima, custo de capital alto e tudo oscilando muito”, analisa Campanelli, ao frisar o trabalhado de confinamento realizado pela Agro Pastoril Paschoal Campanelli.

Segundo o produtor, esses altos e baixos do mercado faz com que se perda a referência do que está, de fato, barato ou caro, o que sinaliza um risco para o mercado produtivo, principalmente ao que diz respeito à nutrição bovina e ao processo de venda dos animais, a qual o boi magro se mostra mais barato que o boi gordo, em algumas regiões.

No entanto, mesmo neste cenário, Victor apazigua, ao também relembrar que, “quando há volatilidade, há – em contrapartida – oportunidades”. “Vamos ter um bom ano, mas será, outra vez, um ano com algumas noites mal dormidas. Olhando a TecnoBeef, caminhamos em patamar de crescimento, quase dobrando nossos números anualmente, e este, em específico, não será diferente. Vamos crescer bastante e estou bem animado”, comemora. A empresa opera no setor de nutrição para ruminantes

Para ele, esse crescimento deve ocorrer pelo empenho em grupo apresentado pelas equipes das duas frentes de trabalho. “O mercado está aí para todo mundo, você às vezes consegue comprar melhor ou pior que outro, mas não é aí que está o dinheiro. O que estamos tentando fazer é ser mais verticalizado”, conta.

Como exemplo de verticalização, Campanelli cita 20 mil hectares de cultivo, dos quais não se gasta com adubo, tendo em vista que o esterco do próprio confinamento, realizado pela Agro Pastoril Paschoal Campanelli, é reutilizado. A iniciativa faz com que, em período de altas contínuas nos preços de adubos, as empresas são sejam afetadas. Vale ressaltar que a produção de boa parte dos grãos utilizados e de forragem também são próprias.

Além de um negócio familiar

De maneira robusta, eficiente e sinérgica, a Agro Pastoril Paschoal Campanelli e a TecnoBeef são facilmente consideradas cases de sucesso do atual agronegócio brasileiro. Como conta Victor, ao relembrar o nascimento de ambas, a primeira – que representa o ladro agropecuária – é resultado de muito trabalho familiar.

“Ela nasceu com o meu avó, vindo da Itália, há mais de 100 anos. Nela, passamos por várias culturas, desde café, laranja, cana-de-açúcar, grãos e confinamento”, destaca, ao frisar que as três últimas representam o atual cenário,

Segundo ele, atualmente a pecuária é o principal negócio, do qual as operações estão focadas no Norte e no Oeste do Estado de São Paulo. “Todas as nossas operações estão concentradas em São Paulo e, hoje, trabalhamos para o abate de, aproximadamente, 100 mil cabeças de boi”, expecta.

Perante a TecnoBeef, ela surgiu de uma necessidade: “Fomos crescendo na atividade pecuária e tínhamos uma dor de querer de ter qualidade, procedência e customização de produtos, então durante os anos de 2016 e 2017 desenvolvemos uma fábrica para atender, inicialmente, a nossa necessidade.

No entanto, ao perceber que muitos os confinadores passavam pela mesma situação, o projeto ganhou um novo direcionamento, se desvinculando da agropecuária e se tornando uma indústria.

“Nosso foco são os ruminantes. Não somos uma fábrica multiespécie. Desde que anunciamos a fábrica, não paramos de expandi-la, sempre com capacidade máxima de produção, rodando turno”, comemora, ao complementar que uma nova expansão está sendo trabalhada.

Ao que diz respeito a nova expansão, ela possibilitará que a capacidade máxima de produção de 4 mil toneladas de premix por mês passe a ser algo próximo de 8 mil toneladas. “A diferença é que grande parte do nosso produto é produto de baixa inclusão na dieta, então quando se fala nesse volume, se atinge um número de boi muito grande. Na média, é um produto de 100 gramas boi/dia”, destaca, ao frisar que são um dos maiores players de nutrição de precisão do Brasil.

“Deixamos de ser uma fábrica regional, somos de grande porte. Não temos nenhum produto de prateleira e pretendemos continuar assim, sempre buscando o que é melhor para o cliente e não para indústria”, analisa.

Um olhar sustentável

Em voga em todos os setores do agronegócio, a sustentabilidade tem se destacado como principal item de interesse do atual consumidor. Neste cenário, Victor Campanelli, vê a ação como consequência de se fazer o certo. “Não há jeito A ou B de se trabalhar, há o certo. A sustentabilidade é vista em uma produção economicamente sustentável”, afirma.

Neste cenário, empresas contam com centro de pesquisa, com 3 mil e setecentas cabeças de gado, visando novas tecnologias e formas de produzir, “fazendo mais com menos”. “Tentamos sempre buscar sinergia entre os negócios. A agricultura e a pecuária estão totalmente acopladas, porque não tem mais o meio certo”, conta.

Como exemplo, Campanelli cita um dos primeiros experimentos em processo de publicação. Nele, que tem como foco o efeito da sombra no desempenho animal, pode ser notado a redução de 7 litros do consumo de água boi/dia e aumento de quase 7 quilos de carcaça com o ganho, ofertando a mesma quantidade de alimento.

“Se o boi está se sentindo bem, ele vai comer melhor, beber mais, ganhar mais peso e trazer mais lucro. Então, tenho batido muito nessa tecla – olhando tanto do lado do bem-estar animal, quanto da sustentabilidade – nada mais é que a consequência de fazer o certo”, finaliza o profissional.