Natália Ponse, de São Paulo (SP)
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Na cultura Tupi-guarani, os personagens Caapora e Curupira são os defensores do meio ambiente, da fauna e flora. O primeiro é o guardião da floresta e, de acordo com a lenda, protege a mata contra as intensas derrubadas de árvores. O segundo é o protetor dos animais e costuma cavalgar em cima de um cateto, punindo os caçadores de animais silvestres. Os dois personagens dão forma à conscientização ambiental por meio do Troféu Curuca de Sustentabilidade. O Oscar do Agronegócio tem como objetivo, a cada dois anos, enaltecer aquelas empresas que incorporaram o conceito da sustentabilidade no seu dia a dia.
Colocar em prática uma nova maneira de se relacionar com as pessoas e o meio ambiente é o mote do setor para os próximos anos, e nada mais justo do que ressaltar e reconhecer aqueles que fazem dessa uma realidade, tanto no campo quanto no ambiente corporativo. No último dia 30 de agosto, ao final do Simpósio feed&food de Sustentabilidade e Marketing no Agronegócio realizado durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (Siavs), sete cases que são exemplos de sustentabilidade no agro receberam o Troféu Curuca.
Anunciados pelo consultor e colunista da feed&food, José Luiz Tejon Megido, os vencedores subiram ao palco para receber a premiação. Foram eles o diretor acionista da Mfoods (São Paulo/SP), divisão do grupo Mcassab (São Paulo/SP), Mario Sergio Cutait; o diretor Executivo da Pecuária Sustentável da Amazônia (Pecsa, Alta Floresta/MT), Vando Telles de Oliveira; o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS, Brasília/DF), Marcelo Lopes; representando a Olmix (Brehán, França), Hervé Balusson; representando o presidente da Embrapa, Maurício Lopes, Janice Zanella; diretor e vice-presidente da Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol, Cafelândia/PR), James Fernando de Morais; e o presidente do Grupo São Salvador Alimentos (Itaberaí/GO), José Garrote.
Saiba mais sobre os cases vencedores desta edição do Troféu Curuca abaixo:
Unindo sabor, saúde, praticidade e preço em um só produto, a cadeia suinícola se integra com o consumidor para promover a proteína em grandes redes de varejo – tudo, claro, de braços dados com o uso sustentável de recursos. A Semana da Carne Suína (SNCS), iniciada em 2013, é uma iniciativa da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS, Brasília/DF) em parceria com o Sebrae Nacional (Brasília/DF) e Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF), e é exemplo disso.
Um dos principais pilares da SNCS é investir em educação e capacitação de colaboradores de açougue e do ponto de venda, estratégia fundamental para esclarecer mitos e preconceitos sobre a qualidade e a segurança da carne suína junto aos consumidores. Uma das ações, em parceria com o Grupo Pão de Açúcar (GPA, São Paulo/SP), busca o engajamento de todos os elos do setor produtivo de modo a oferecer um produto que atenda as exigências das famílias brasileiras, disseminando informações sobre a qualidade e saudabilidade da carne suína e assim promovendo um maior consumo da proteína.
Em anos de estrada, a cooperativa colocou em prática uma busca contínua pelo desenvolvimento sustentável. Além de realizar um trabalho social, que pode ser conferido no case publicado na Revista feed&food, a Copacol também atua em quatro frentes sustentáveis: combate à poluição do ar, destinação e tratamento de resíduos orgânicos, recolhimento e realocação de resíduos de serviços de saúde e, por fim, tratamento de águas.
A Embrapa Instrumentação (São Carlos/SP) foi criada com a missão de viabilizar soluções sustentáveis de pesquisa, desenvolvimento e inovação em instrumentação agropecuária para o benefício da sociedade brasileira. Ela é uma das 47 Unidades Descentralizadas da instituição pública com sede em Brasília (DF). O centro de Pesquisa no interior paulista se tornou único por combinar físicos, engenheiros eletrônicos, engenheiros de materiais e de outras áreas das Ciências Exatas, com o conhecimento de agrônomos e médicos-veterinários.
Relacionados ao tema produção sustentável de proteína animal, o chefe-geral da Embrapa Instrumentação, João de Mendonça Naime, destaca algumas redes de pesquisa: Sanidade Animal; Integração Lavoura; Pecuária e Floresta; Pastagens; Sanidade Vegetal; Pecus (dinâmica de gases de efeito estufa da pecuária); Desenvolvimento de estratégias para a redução déficit e melhoria da eficiência de uso de matérias-primas para produção de suínos e aves; Desenvolvimento e integração de conhecimentos de genética molecular e quantitativa visando maximizar os ganhos genéticos para produção sustentável de carne bovina.
Focando na produção de peixes, a Mfoods (São Paulo/SP), divisão do grupo Mcassab (São Paulo/SP), investiu em tanques-rede, que proporcionam maior sustentabilidade, melhor controle da produção e uma qualidade superior do produto final. Além de minimizar os impactos da pesca extrativa, objetivo é ofertar uma proteína “limpa” e “verde” aos consumidores.
O diretor acionista da companhia explica que o brasileiro ainda come pouco peixe, não mais que 10kgs/ano per capita, assim há um enorme potencial no País. “Como 70% do custo é ração, seremos muito competitivos no mercado internacional. A China ainda irá importar nosso peixe, assim como já faz com carne bovina, suína e de frango”, espera o executivo.
Os equipamentos e ferramentas utilizados pela Olmix foram totalmente projetados especificamente para coletar e transformar as algas. Antes, elas acumulavam e se deterioravam nas praias da Bretanha francesa, gerando um problema ambiental. Os equipamentos e ferramentas da empresa utilizados para coletar as algas foram projetados especificamente para coletá-las antes que cheguem nas praias para preservá-las frescas. Além disso os processos tecnológicos inovadores desenvolvidos pela Olmix permitem o aproveitamento total deste recurso.
Reescrevendo a história, a Pecuária Sustentável da Amazônia (Pecsa) une parcerias, tecnologia e investimentos para provar que é possível produzir carne de qualidade de forma sustentável naquela região. Em suma, o trabalho da Pecsa envolve garantir que toda a carne produzida é livre de desmatamento, usando para isso uma pecuária tecnificada, por meio de correção de solo e suplementação nutricional.
Todas as propriedades parceiras da Pecsa são regularizadas dentro das regras do Código Florestal e já estão sendo recuperadas as áreas de preservação permanente. São 60 hectares de margens de rios e córregos sendo restaurados nas fazendas, e as APP’s são totalmente isoladas, impedindo o acesso do gado à beira d’água.
Integrando-se à comunidade local de Itaberaí (GO), a São Salvador Alimentos eleva sua produção com geração de receita e empregos, aliado às práticas sustentáveis. A companhia conta com uma Fábrica de Farinhas e Óleo, na qual os resíduos cárneos, após processamento, transformam-se em farinha e óleo de vísceras.
Os insumos produzidos são encaminhados à fábrica de rações e utilizados como matéria-prima para a formulação das rações que vão para os aviários. Além disso, a companhia conta com as suas próprias Estações de Tratamento de Efluentes (ETEs), que garantem o retorno da água de volta para a sua fonte inicial, devolvendo-a em melhores condições do que quando captada.