Natália Ponse, da redação
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Todo início requer novos planos, metas e expectativas. Para o agronegócio brasileiro, 2016 representa esperança para que as dificuldades de 2015 sejam superadas. Começo que, pelo menos com relação às exportações, já traz bons resultados. Apesar de encerrar janeiro com volume praticamente igual ao exportado no mesmo período de 2014 com retração de 14% em faturamento, a carne bovina avançou fevereiro com incremento de 27% em volume e 30% em faturamento sobre o primeiro mês de 2016. O crescimento também apareceu no comparativo com fevereiro de 2015, já que segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec, São Paulo/SP), as vendas externas mostraram alta de 9% em faturamento e 25% em volume. O acumulado do ano, entre janeiro e fevereiro, já registra exportação de mais de 226 mil toneladas e faturamento de US$ 866 milhões.
“O cenário para esse ano segue em alta. Já vemos uma recuperação nestes dois primeiros meses, comparado com 2015, o que deve se manter ao longo deste ano, com os embarques retomando sua normalidade”, afirma o presidente da associação, Antônio Jorge Camardelli, indicando expectativa positiva para este ano.
Início igualmente complicado para os produtores paulistas da carne de frango, já que, segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA, São Paulo/SP), a proteína apresentou uma das maiores quedas de preços do setor em janeiro: 9,7%. O desaquecimento da demanda por carne de frango, tanto interna quanto externa, efetivou um desequilíbrio que rebaixou as cotações do produto vivo em janeiro. No mês seguinte, no entanto, as exportações de frango (animal inteiro, cortes, salgados, processados e embutidos) deram um novo fôlego para a produção e alcançaram 320,3 mil toneladas, representando volume 6% superior ao mesmo período de 2015. Os dados são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA, São Paulo/SP).
Considerando o embarque de 2016, entre janeiro e fevereiro, as exportações brasileiras de carne de frango mantiveram alta de 9,9%, com 637,1 mil toneladas exportadas, o que fez com que o setor obtivesse receita cambial de US$ 909,7 milhões (-10,2%), e em reais de R$ 3,6 bilhões (+32,2%). “Este ‘respiro’ deve contribuir para o setor enfrentar com solidez o momento atual, ajustando a oferta interna de produtos e colaborando para a fluidez dos baixos estoques com as elevações dos preços dos produtos”, explica o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra (foto lateral).
A baixa no preço do frango também se repete no suíno neste 2016. A desvalorização mais forte, em cerca de 15%, causada pela alta dos custos de produção (milho e farelo de soja mais caros), estimulou a demanda pela proteína. Segundo a Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa (Brasília/DF), no atacado da Grande São Paulo, as cotações da carcaça comum e da carcaça especial recuaram 10% com relação a janeiro de 2015. Foram os custos de produção que pesaram ao produtor, já que o crescimento dos mesmos também reflete os elevados custos com a industrialização e a aquisição de rações para os suínos. Nos últimos 12 meses, o índice acumulou alta de 21,90%.
Os embarques de carne suína seguem em ritmo acelerado neste ano. Conforme números levantados pela ABPA, as exportações (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 99,3 mil toneladas no primeiro bimestre de 2016, número 77,5% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Somente em fevereiro foram exportadas 52,1 mil toneladas, 92,9% a mais em relação ao ano anterior. “O fim dos impactos causados pelo inverno do Leste Europeu na logística dos embarques e a ampliação das vendas em gigantes da Ásia foram determinantes neste resultado. A forte elevação das vendas internacionais está ajudando a equilibrar a oferta interna dos produtos. Este ritmo tem se mantido também nos primeiros dias de março”, conclui Turra.