Luma Bonvino, de Campinas (SP)
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Pode perguntar para os tradicionalistas e aos modernos, da mesa da gerência à lida do campo, dos pouco aos muito informados, em resumo, a todos os participantes do agronegócio brasileiro: qual o grande responsável por tornar nosso País essa potência? Nomes de líderes variados podem aparecer, empresas, cooperativas e governo, enfim, uma infinidade de alternativas, porém, uma estará presente em todas as respostas: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa.
Criada em 26 de abril de 1973, a organização já nasceu com um desafio: desenvolver, em conjunto com os parceiros do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), um modelo de agricultura e pecuária tropical genuinamente brasileiro, superando as barreiras que limitavam a produção de alimentos, fibras e energia. Para se ter ideia, nessa mesma época o prato verde e amarelo era importador de alimento. “Com a morte do presidente Kennedy (1963), minha primeira preocupação, enquanto criança, era quem enviaria leite ao Brasil”, relembra o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi.
“Nos anos 70 não existia uma agricultura competitiva no cinturão tropical do globo; nós abraçamos e traçamos esse objetivo. Nos consolidamos com uma empresa atenta ao aplicar um olhar competitivo para as criações e unidades produtivas”, relembra o presidente, Maurício Lopes.
Definitivamente a responsável por uma revolução produtiva que acaba de dar uma nova virada. Atravessando um momento complexo politica e economicamente falando, o reflexo se deu também em investimentos. A crise porém, não é novidade, é cenário para mover oportunidades em diferencial. Orientado no aniversário de 40 anos da instituição por Maggi, lembra Lopes, se faz momento de transformação. Foi pedido ajuste e aparamento de arestas na gestão para que, no momento de dificuldade, se pudesse voltar a evoluir com rapidez, em conformação mais adequada para Embrapa.
“Essa inauguração faz parte de um processo amplo de fortalecimento que temos em buscar eficiência com foco apurado. Mas, outro grande objetivo é fortalecer nossa capacidade em entregar valor e produzir resultados impactantes”. Assim definiu Maurício Lopes sobre a mais recente unidade, que se junta a outras 17 unidades centrais e mais 46 descentralizadas: a Embrapa Territorial.
Fruto da união de três instituições – Grupo de Inteligência Territorial Estratégica, Embrapa Gestão de Territorial e Embrapa Monitoramento por Saliente –, a unificação muda o foco de ação que sai do desenvolvimento e uso de instrumentos para monitorar o território da agricultura, e vai para a dinâmica temporal e espacial, o uso e ocupação de terras pela agropecuária brasileira e as atuais demandas para ampliar competitividade e sustentabilidade.
A estrutura fornecerá métodos, resultados e serviços em temas ligados à inteligência, para apoiar políticas públicas, como Ministérios, além de demandas do setor privado, em diversas escalas.
O lançamento, realizado no último dia 11, na cidade sede da unidade, em Campinas (SP), reuniu lideranças empresarias e das mais representativas associações. “Esse é um coroamento de uma etapa na Embrapa Territorial. A grande presença de público testemunha um esforço na unidade em aproximar da realidade os desafios do agronegócio. Para dar uma dimensão da importância dessa plateia, fiz umas pequenas contas. Na pecuária, as pessoas aqui e as associações reunidas somam 800 mil cabeças de gado. As indústrias de máquinas e equipamentos aglomeram 65 milhões de hectares de terra trabalhada. Em número, são carregados 1 bilhão e 600 milhões de toneladas de produtos, transportados para centro de consumo, exportações e processamento. Somente milho e soja são quase 120 milhões de toneladas reunidas. Isso nos dá ideia do dinamismo da atividade e, também, que todos precisam monitorar o mercado e suas ramificações, fazendo da dimensão territorial fator fundamental para o setor”, diz o chefe-geral da unidade, Evaristo de Miranda.
De acordo com o profissional, a Embrapa Territorial já inicia seus trabalhos com três metas prioritárias de trabalho.
- Sistema para macrologística agropecuária. “Fazer do Big Data um Right Data”, explica De Miranda. Para ele, não basta fazer um acúmulo de dados, é preciso direcioná-los para a melhor obtenção de resultados, elaborando análises e gerando soluções. Dessa central, devem sair mapas indicando melhores roteiros, pontos de infraestrutura eficiente e deficiente, entre outros.
- Continuidade e mapeamento do CAR. Seguindo o mesmo princípio de detalhamento de informações, os dados já expostos levantados em cima do Cadastro Ambiental Rural terão prosseguimento, revelando áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa dos imóveis rurais. “Todo mês entra 50 mil imóveis e sai outros 50 do CAR. Estamos na terceira geração de software, e todo janeiro vamos atualizar e publicar regularmente essas informações”, orienta o chefe-geral.
- Estruturação de monitoramento territorial para os cerrados. “Vamos aprofundar o conhecimento dos cerrados, montando tipologias e mostrando indicadores de realidade agro nesses cenários”, destaca.
Conforme Maurício Lopes, com o lançamento será possível olhar além dos desafios limites da fazenda, sob o aspecto territorial. “Poderemos pensar no futuro de maneira planejada e sustentável. Trará um conjunto de informações para falar de uso de ocupação das terras para que o Brasil consiga se alinhar aos conceitos mais modernos de sustentabilidade, como um mercado provedor interna e externamente. São muitos resultados entregues e outros tantos a serem devolvidos, com informações que substancie as políticas públicas e outras decisões”, pontua.
Para Blairo Maggi, esse crescimento do Brasil incomoda muita gente. “Temos um grande ativo ambiental, e não somos reconhecidos por isso. Isso nos mostra que temos que sempre reposicionar para dar saltos cada vez mais altos”, encerra. Confira mais sobre o posionamento do Brasil em vídeo.