Nesta quarta-feira (26), durante celebração dos seus 50 anos, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vai lançar uma plataforma que promete destravar o mercado voluntário de créditos de carbono.
Chamada de Aglibs, a ferramenta é formada por uma tecnologia baseada na Espectroscopia de Avaria Induzida por Laser (Libs, na sigla em inglês), utilizada pela agência espacial norte-americana (NASA) para avaliar os solos em Marte.
A inteligência artificial combina diferentes softwares e sensores para analisar as condições do solo e das plantas. A plataforma foi criada pela Embrapa Instrumentação (SP), em parceria com a fintech Agrorobótica.
A Embrapa destaca que a tecnologia Libs tem a chancela da certificadora norte-americana Verra, que gerencia o principal programa voluntário de mercados de carbono do mundo, o Verified Carbon Standard (VCS). A ideia da estatal é gerar Unidades de Carbono Verificadas (VCU, sigla em inglês), que podem ser negociadas no mercado voluntário internacional.
A pesquisadora da Embrapa que coordena o Laboratório Nacional de Agrofotônica (Lanaf), Débora Milori, explica que a tecnologia dispensa o preparo de amostras e não gera resíduos: “Ela usa pulsos laser de alta energia para criar um microplasma na superfície da amostra, e assim, determinar a sua composição química”.
A Aglibs analisa 22 parâmetros, entre eles a textura, densidade e pH do solo; macro e micronutrientes; e estoque de carbono. Segundo o CEO da Agrorobótica, Fábio Angelis, outros métodos de análise aplicam vários reagentes químicos e técnicas para obter as mesmas informações. “O LIBS mensura com um único tiro laser”, afirma.
Os pesquisadores estimam que a nova tecnologia pode avaliar 1,2 mil amostras de solo por dia, enquanto a média mensal em laboratórios tradicionais é de 800 a 900 amostras. A tecnologia foi testada em 600 mil hectares que incluem lavouras de café, soja, milho e algodão, pastos degradados e sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta.
Produtores interessados na Aglibs deverão aderir ao programa de baixo carbono da Agrorobótica. A startup vinculará os dados sobre o solo aos do Cadastro Ambiental Rural (CAR) da fazenda, gerando mapas com recomendação agronômica personalizados.
Fonte: Valor Econômico, adaptado pela equipe Feed&Food.
LEIA TAMBÉM:
Digitalização da pecuária: GA+Intergado agora é Ponta