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Profissional x estudante: o espelho do aprendizado na medicina veterinária

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Natália Ponse, da redação

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Celebrado no dia 9 de setembro, o dia do médico veterinário visa ressaltar a importância deste profissional não só para a saúde dos animais, mas também para a saúde das pessoas. São estas as mãos que garantem a saudabilidade dos alimentos que compõe a refeição de milhares de brasileiros. O desempenho no mercado mundial também está ligado ao esforço técnico de médicos-veterinários, tanto na defesa sanitária, quanto na inspeção e fiscalização para garantir o elevado padrão de qualidade higiênico-sanitária dos produtos de origem animal.

As múltiplas funções deste profissional são ressaltadas pelo presidente da Comissão Nacional de Assuntos Políticos do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV, Brasília/DF), professor doutor Júlio Barcellos (foto lateral), que afirma que, associado ao campo da produção animal, a função do veterinário ultrapassa fronteiras e muros cartesianos de sua atuação. “A profissão desempenha um papel na formação de recursos humanos especializados para a área, na gestão de empreendimentos dentro da porteira e agroindustriais, portanto, dada sua formação sistêmica, acaba sendo um gestor. Nesta condição, sua responsabilidade é aumentada, visto que a sociedade está atenta a todos os processos de produção, de forma a enxergar nos profissionais nele inseridos um guardião dos recursos ambientais, da qualidade de vida dos animais de produção e dos resultados econômicos geradores da riqueza de um País”, conclui.

A inserção do Brasil no mercado internacional de carnes (aves, bovinos e suínos) passou a exigir, nas palavras de Barcellos, mais conhecimento e mais tecnologia, colocando o veterinário como um profissional em vantagem. “Isso, pelo fato de conhecer em detalhes os diversos pilares que constituem a exploração animal, dominar os conceitos de saúde preventiva e ainda enxergar o cliente final sob o ponto de vista dos seus anseios por alimentos saudáveis e com qualidade premium”, complementa.

Nesta data, o portal feed&food levanta um panorama sobre o início e o durante, a sede de conhecimento e a experiência. De um lado, a estudante de medicina veterinária da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (Ufrrj, Seropédica/RJ), Laura Ribeiro. Na outra ponta da mesa, o médico veterinário especialista em Tecnologia e Produção de Alimentos, presidente da Sociedade de Veterinária do Rio Grande do Sul (Sovergs, Porto Alegre/RS) e presidente da Comissão de Sanidade Agropecuária do CRMV-RS (Porto Alegre/RS), Ricardo Reis Bohrer.

O início é pautado pelo amor aos animais, é claro. A estudante passou, ainda criança quando morava em um sítio, pelo parto complicado de uma cachorra e pelo tratamento de um gavião, com ferimentos na asa devido a tiros. Segundo ela, momentos emocionantes que foram fundamentais para a escolha da carreira mais tarde. Como todo início de curso, dezenas de dúvidas surgiram para a futura profissional. “Quando eu entrei, tinha certo na mente que queria ir para a área de Animais Silvestres, sempre gostei muito. Mas quando fiz estágio com animais de produção gostei mais dessa área e a cada novo semestre que vejo uma disciplina interessante tenho minhas dúvidas. Por mais que eu me interesse pela área de Ruminantes, ainda tenho minhas indecisões se é isso mesmo que vai dar certo pra mim, principalmente nessa reta final que estou”, relata, preocupada com a densidade de profissionais já experientes no mercado.

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Laura Ribeiro está no 11º semestre do curso de medicina veterinária (Foto: divulgação) 

Ricardo Reis Bohrer é categórico ao afirmar que só o gosto por animais não é suficiente na profissão. É preciso dedicação e trabalho. “O curso possui excesso de conteúdo teórico e grande diversidade de disciplinas. Porém, tudo isso é necessário e pré-requisito para chegar até a parte boa. Após o quarto semestre se iniciam as práticas, quando começa-se a colocar a ‘mão na massa’, o que torna o curso mais interessante”, explica, lembrando que em um segundo momento conheceu as várias áreas de atuação que a profissão oferecia. Esse fator foi fundamental para ele, já que o jovem estudante passava pela ansiedade em escolher em qual área atuar – mesma questão de Laura Ribeiro. “No meu caso resolvi minhas dúvidas fazendo o maior número de estágios possíveis. Trabalhei com aves, bovinos, equinos, caprinos, entre outros, e aprendi que devemos colocar em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, trabalhando no que realmente gostamos de fazer, colocando a satisfação mais perto do sucesso”, pontua o profissional.

A parte de estágios é elemento conhecido pela estudante da Ufrrj. Entre agosto de 2013 e fevereiro de 2015, Laura Ribeiro esteve na Alemanha para um intercâmbio, que segundo ela, abriu seus olhos para muitos fatores. “Ir pra um país totalmente diferente do nosso, desde o clima até a cultura e o jeito das pessoas viverem, me fez amadurecer muito mais. Tive que começar de novo do zero, sem conhecer ninguém, sem falar o idioma no primeiro momento, evoluir na língua, na comunicação e até mesmo me tornar mais desinibida e largar toda minha timidez de lado”, conta, falando também sobre a experiência no meio veterinário: “O que aprendi lá e trouxe comigo é a garra de batalhar atrás de algo e ser sempre pró ativa, além de ter conhecido técnicas e equipamentos que facilitam o nosso trabalho e que quando me formar, pretendo adquirir, apesar do preço ser um tanto caro”.

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Bohrer trabalha há 16 anos com bovinos, selecionando animais para participarem de testes de produtos biológicos (Foto: divulgação)

Há 16 anos trabalhando com grandes animais, a escolha de Ricardo Bohrer foi firmada no final do curso. “Trabalhar com ruminantes é algo que me traz muita satisfação. Aprendi a lidar com animais que, ao mesmo tempo em que são muito rústicos, podem ser extremamente sensíveis. Também aprendi que a Medicina Preventiva é peça chave no controle de rebanhos”, conta. Aos futuros profissionais, ele destaca o foco e a determinação como elementos primordiais. “Só vamos obter sucesso em algo que se faz com prazer, não esquecendo que trabalho, dá trabalho! Mas sobretudo, fazer com paixão”.

Após formada e experiente, Laura Ribeiro gostaria que a “Laura do futuro” lembrasse que todas as pedras no caminho, noites em claro, copos de café e preocupações em casos complicados valeram a pena. “Se você chegou até onde está e for bem sucedida, o que eu espero e batalho agora para acontecer, parabéns! Você conseguiu. E se ainda não deu para realizar os seus sonhos, calma. Continue guerreira, porque apesar de alguns desvios que a gente precise tomar, é importante nunca desistir! Apesar de tudo, nunca se frustre em algo que você faz pelo salário, faça algo que você realmente ame! Não se prenda ao dinheiro, se agarre nos seus sonhos, porque o resto vem com o tempo. É difícil, mas não é impossível”, conclui.