As plantas cultivadas estão sujeitas a doenças causadas por fungos, bactérias, vírus e nematoides. Para que as doenças ocorram e causem danos, há necessidade dos agentes causais (patógenos) se estabelecerem nos hospedeiros suscetíveis (plantas) e que o ambiente (principalmente umidade relativa, água livre na superfície das plantas e temperatura) sejam favoráveis. Todas as partes das plantas estão sujeitas a serem colonizadas pelos patógenos (raízes, hastes, folhas e frutos). Essas doenças podem ocorrer em todos os estádios fenológicos das culturas (semeadura, germinação, emergência, fases vegetativa e reprodutiva e colheita). Para que a doença se estabeleça na planta é necessário que o patógeno sobreviva entre as safras ou estações do ano. Entre os principais meios de sobrevivência dos patógenos estão os materiais de propagação e suas atividades ou “dormência” no solo.
A utilização de materiais de propagação (sementes, mudas, tubérculos, toletes, rizomas, etc.) livres de patógenos ou adequadamente tratados e o plantio em áreas livres de patógenos no solo são importantes medidas de manejo integrado de doenças. Uma das medidas de manejo de doenças é o tratamento dos materiais de propagação, com produtos químicos ou biológicos, mas também pelo tratamento térmico. O tratamento pode ser feito em escala industrial ou nas propriedades rurais (“on farm”). Os tratamentos químicos e biológicos podem controlar patógenos presentes nos materiais de propagação ou no solo.
Trabalho recente, “Quantificação de perdas” publicado na Revista Cultivar – Grandes Culturas (no. 282, novembro de 2022), páginas 08 a 14, de autoria de J.O. Menten, J. C. Machado e C. S. Siqueira, mostrou que cada 1% de incidência de patógenos em sementes de soja causa de 1 a 2% de redução na produtividade (rendimento). Uma das razões das perdas causadas pelos patógenos associados às sementes é a redução do estande, que pode ser causada tanto por patógenos associados às sementes, como espécies de Colletotrichum, Phomopsis, Stenocarpella, etc. como por patógenos infestantes do solo, como Pythium, Phytophthora, etc. Existem patógenos, como espécies de Rizoctonia, Macrophomina, Sclerotinia e Fusarium, que podem estar presentes tanto nos materiais de propagação como no solo.
Como sementes e mudas são insumos agrícolas, sujeitos a regulamentação, é importante que sejam submetidas a testes de sanidade adequados, que informem as espécies detectadas e incidência/severidade. É importante que sejam estabelecidos padrões de sanidade, que definam a tolerância máxima de cada patógeno em cada material de propagação. Para isto, há necessidade de pesquisa e experimentação de qualidade, além de ensino e treinamento, fundamentais para formação adequada de profissionais competentes.
Fonte: José Otávio Menten é professor Sênior na USP/ESALQ e presidente do CCAS
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