Natália Ponse, da redação
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A primeira evidência do ovo nas Américas foi com a chegada de Colombo, em sua segunda viagem em 1493. O navio carregava os primeiros galináceos parentes das atuais aves poedeiras que são utilizadas atualmente. As linhagens tinham origem na Ásia, e desde então se espalharam pelo mundo – atualmente são cerca de 200 raças e linhagens estabelecidas no globo, mas somente algumas delas são economicamente importantes para a produção de ovos.
Dos quintais dos fazendeiros até as produções altamente tecnificadas atualmente, o ovo percorreu um longo caminho até a sua modernização. Investimentos para melhoria da saúde das aves e sistemas de alimentação levaram ao desenvolvimento de sistemas para automatizar a coleta dos ovos. Com a tecnificação, melhoria da saúde e alimentação balanceada para as poedeiras, os custos foram reduzidos e resultaram em produto mais nutritivo, uniforme e mais barato para o consumidor.
A tecnologia brasileira também faz com que este seja um dos únicos países a produzir ovos com tecnologia livre de patógenos (os chamados SPF, na sigla em inglês). Esse produto possui alto padrão de biosseguridade por ser matéria-prima indispensável à produção de insumos, antígenos e vacinas para animais e uso humano. O tipo de ovo também é utilizado como meio de cultura viva para pesquisas científicas e diagnóstico de microrganismos, responsáveis por ocasionar doenças em humanos e animais.
Em solo verde amarelo a atividade encontrou o seu respaldo, já que o Brasil fornece a produção de matéria-prima (soja e milho) dentro de suas próprias terras. No entanto, o produtor Daniel Bampi, um dos proprietários da Granja Bampi (Farroupilha/RS), ressalta que neste ano atípico foi justamente este o fator que prejudicou a atividade: altos custos de produção. “A expectativa é que esta situação melhore no próximo ano, mas não podemos esperar custos baixos. É preciso equilibrar o custo de produção com demanda e oferta”, conta.
Do Brasil para o mundo, a tradicional boa estrutura do País soma-se ao empreendedorismo brasileiro na área, ressalta o diretor Executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav, Porto Alegre/RS) e coordenador do Projeto Ovos RS, José Eduardo dos Santos (foto lateral). “É um setor promissor, dotado de uma produção que atende os padrões de qualidade e a industrialização do ovo. Estes fatores vão, cada vez mais, impulsionar esta atividade para outros mercados”, conta Santos.
Já Bampi destaca a importância do marketing do ovo. Participando do projeto Ovos RS desde o seu início, há quatro anos, ele nota um avanço no consumo do produto. “Temos trabalhado para valorizar o ovo e aumentar a compra, podendo proporcionar preços melhores ao consumidor. Há muito espaço para trabalhar essa divulgação, porque é o alimento mais nutritivo da natureza depois do leite materno”, conclui o produtor.
A nível mundial, José Eduardo Santos prevê que o setor precisa e vai aumentar sua participação mercado externo, mas ressalta que isso dependerá muito do próprio empresário, da economia nacional e das ações de apoio e fomento para abertura de mercados. “Claro, tudo isso também contando com o comportamento da economia mundial e dos países concorrentes do Brasil”, pontua.