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“Não é possível ser mulher-maravilha sozinha”

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Gabriela Salazar, de casa

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Na fala de Mariane Crespolini, vez ou outra, acompanhada de um chamado de sua filha Helena, de 02 anos, o orgulho por tantas outras mulheres que, juntas a ela, ajudam a fomentar o agronegócio nacional. A pauta escolhida foi a sustentabilidade, departamento que Mariane representa desde a chegada da Ministra, Tereza Cristina, ao MAPA. De sua formação em Gestão Ambiental na Esalq/USP até a Diretoria do Departamento de Produção Sustentável do Ministério da Agricultura, Mariane mostrou na sua admiração um outro viés da sustentabilidade: as relações humanas.

Não há heroísmo solo. “Quem é a rede de apoio para a mulher que trabalha? A sua família, marido parceiro, as pessoas que trabalham com ela. Eu vejo aqui, muitos comentam “o bom é que a Mari tem filhoe entende”. Isso não deve ser visto como uma dificuldade, pelo contrário, é algo que nos fortalece e traz coragem. Afinal, não da para ser Mulher-Maravilha sozinha. Você só é essa ‘heroína’ que trabalha, lidera, lidera a casa e tem filhos, se você tem rede de apoio”, comenta.

Mariane Crespolini junto de sua filha Helena, 2 anos (Foto: reprodução)

Outra fonte de apoio essencial, descrita por Mariane, é a própria Ministra. “A Tereza Cristina é uma mulher que inspira. Ela tem habilidade política e ao mesmo tempo é extremamente técnica. Ela é uma ministra, tem a agenda corrida e, mesmo assim, nos momentos que a equipe técnica vai apresentar algo, ela para e escuta. Além disso, nos dá apoio para ter o melhor time. Falo isso por mim e pelas outras mulheres que trabalham aqui: ela nos inspira como mulher e como pessoa”.

Atualmente, o Departamento de Produção Sustentável e Irrigação conta aproximadamente com 40 colaboradores. Profissionais que a Diretora faz questão de salientar como referências do setor. “São coisas assim que me motivam todos os dias, essa é a equipe dos sonhos e isso é a nossa rede de apoio, só assim podemos ser bons líderes”.

Mariane Crespolini (ao meio) é Diretoria do Departamento de Produção Sustentável do Ministério da Agricultura (Foto: reprodução)

Transformando conhecimento. Para chegar até aqui, Mariane salienta a importância da coragem e trabalho duro. Em seu caso, pautado pela pesquisa e conhecimento técnico. Após a conclusão de sua graduação em Gestão Ambiental na Esalq/USP, Mariane realizou mestrado e doutorado em Desenvolvimento Econômico, onde pôde se aprofundar na análise dos impactos econômicos e sociais das tecnologias de intensificação sustentáveis trabalhadas pelo MAPA.

“Entre meu trabalho como pesquisadora, no Cepea, e o cargo atual, no MAPA, tive uma empresa de consultoria onde atuei junto aos produtores rurais levando incentivo à adoção dessas tecnologias sustentáveis”, complementa.

Irrigando exemplos. A paixão pela produção sustentável começou desde muito jovem vendo o exemplo de seus pais, produtores rurais. “Eles sempre foram muito conscientes sobre todas as questões ambientais e a importância dos recursos naturais do solo e água. O que eles me ensinaram foi isso: o produtor rural é a pessoa mais interessada em fazer a conservação do meio ambiente”.

Pautas sustentáveis. No Ministério, a Diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação hoje atua em quatro frentes: Conservação de solo em água, agricultura irrigada, agricultura de baixa emissão de carbono e agregação de valor. Dentre essas, Mariane salienta alguns dos programas trabalhados pelo Ministério que também enchem a profissional de orgulho.

O primeiro citado por ela é o Plano ABC. Uma das maiores políticas públicas de agricultura de baixa emissão de carbono, que fomenta uma produção mais resiliente à mudança do clima. Um exemplo benéfico de sua implantação, citado pela pesquisadora, é a própria resistência ao estresse hídrico sem a quebra de safra, além é claro, da mitigação da liberação de carbono na atmosfera.  “Um exemplo é o plantio direto que sequestra carbono e o fixa no solo, contribuindo para o combate ao aquecimento global e ainda mantendo o solo úmido por mais tempo”, pontua.

Em relação aos resultados do Plano ABC, Mariane ressalta a adoção de tecnologias de baixa emissão de carbono em 50 milhões de hectares, sendo metade desses por meio da recuperação de pastagem degradada, conforme aponta estudo científico da Embrapa e do Lapig/UFG.

“O Brasil hoje tem capacidade de multiplicar a sua produção de carne bovina e de leite na mesma área de pastagem ou, até mesmo, em uma menor área, podendo, assim, ceder espaço para a agricultura ou Integração de Lavoura-Pecuária e Floresta (ILPF). Temos propriedades que fazem isso e produzem até dez vezes mais carne na mesma área que a média brasileira”, comenta.

Mariane também destaca a importância da agricultura irrigada para o Brasil. Atualmente, 8 milhões de hectares são irrigados.

De acordo com estudo da ESALQ/USP, o Brasil tem o potencial de irrigar 60 milhões. “É uma tecnologia que multiplica a produtividade, garante preços mais estáveis ao longo do ano e bem realizada ainda promove um uso mais eficiente da água, promovendo também a sua conservação”.

Ainda em fase de lançamento, o programa Águas do Agro esteve entre os projetos citados pela profissional. A ação visa incentivar a conservação de solo para que o produtor rural além de produzir alimentos também seja um “produtor de águas”, visando por meio da melhor utilização dos recursos e adoção de novas tecnologias gerar maior rentabilidade ao produtor rural.

Outro programa citado pela profissional é o Pronasolos, projeto que reúne pela primeira vez, em uma plataforma única no Brasil, as informações sobre o solo. Em dezembro último, Mariane comenta que foram realizadas diversas entregas de resultados,como a divulgação de um mapada disponibilidade hídrica e de sequestro de carbono no solo. Por meio destas informações,tanto o produtor rural quanto o próprio Estado brasileiro tem condições de tomar decisões estratégicas mais assertivas.

A Diretora do Departamento também falou sobre a Agregação de Valor, iniciativa que fomenta a agroindústria por meio de diversas ações que geram reconhecimento ainda maior aos produtos, como por exemplo, a indicação geográfica, como é o caso do conhecido queijo da Canastra.

“A sustentabilidade precisa alcançar os três pilares: ambiental, social e econômico. As tecnologias, principalmente para os pequenos produtores rurais, precisam aumentar a renda e a competitividade”, completa Mariane.