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Melhoramento genético em tilápias traz para o presente resultados do futuro

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Natália Ponse, de Natal (RN)

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Mais de 40% da produção brasileira de pescado é de tilápia. Como em outras cadeias de proteína animal, o melhoramento genético surge como uma oportunidade de produzir mais e melhor, no mais sincero significado das palavras. As diversas formas de cultivo, realizadas em diferentes pontos do Brasil, criam um desafio para aqueles que pesquisam a área, já que um “pacote” genético não é suficiente para atender toda a extensão produtiva.

Durante palestra na Feira Nacional do Camarão (Fenacam), realizada em Natal (RN) em novembro de 2017, Carlos Antonio Lopes de Oliveira, representando a Universidade Estadual de Maringá (UEM), falou sobre os objetivos quando se trata do assunto. “As principais características melhoradas são velocidade de crescimento, sobrevivência e qualidade do produto”, enumera o pesquisador.

Os objetivos de melhoramento incluem os sistemas de cultivo (viveiros e tanques-rede), locais de cultivo (diferentes climas e qualidade da água) e exigências de mercado (para alevinocultores, engordadores, processamento e consumidores). “Existem demandas de todos os lados, e tudo isso tem raiz no núcleo de seleção, que precisa trabalhar para atender estes critérios”, diz Oliveira.

Os alevinocultores necessitam de crescimento inicial rápido, sobrevivência e eficiência reprodutiva; os engordadores demandam crescimento rápido, sobrevivência e eficiência alimentar; já os frigoríficos, com a evolução do mercado, precisam de cortes comerciais de qualidade e de padronização do produto; tudo isso para atender o desejo do consumidor em adquirir um peixe que tenha vivido de acordo com as normas de bem-estar animal, esteja agradável em sabor, textura, odor e visual além de, claro, um preço adequado.

São estas exigências que determinam quais os objetivos do melhoramento. “O uso de pais geneticamente superiores é essencial, para que estes produzam uma progênie com elevada taxa de crescimento, eficiência alimentar e sobrevivência, além de alto rendimento, padronização e qualidade de cortes comerciais”, enfatiza o representante da UEM.

Para isso, Carlos Oliveira elenca quais são as características para atender aos objetivos de seleção e à demanda do mercado. Em primeiro lugar está a importância econômica, já que, caso as características não sejam aliadas a este fator, de nada adianta implantá-las na produção. Também é necessário que o animal apresente diferenças genéticas herdáveis, para que a variabilidade possa acontecer e as próximas gerações possam trazer resultados mais efetivos para o produtor.

Se tem um custo “amigo”, todo mundo faz. Por isso, aplicar uma mensuração precisa, a um custo razoável, é outra dica. “Rendimento de filé, por exemplo, é uma característica fácil de medir”, complementa Oliveira, evidenciando também a necessidade dos objetivos de melhoramento estarem em conformidade com as demandas.

Mas, é importante pontuar: animais geneticamente superiores tendem a tornarem-se mais exigentes. A disponibilização deles para o setor produtivo pode conduzir a adequações nas condições de cultivo, causando alterações nos manejos nutricionais e sanitários, potencializando a expressão da qualidade genética destes.

“Resultados dos programas de melhoramento genético de peixes estão fortemente associados ao desenvolvimento de outros setores da cadeia produtiva, como fábricas de ração e produção de fármacos, de maneira que, quanto maior a sintonia entre os produtores de genética e os setores responsáveis pela melhora nas condições de cultivo, maiores serão os ganhos obtidos pelos piscicultores”, finaliza Carlos Oliveira.