Um fenômeno relativamente novo está ocorrendo no universo cooperativista: a crescente presença do jovem no comando dos negócios urbanos e rurais. Na cidade, os programas de estímulo ao empreendedorismo implementados há mais tempo e a rapidez com que as mudanças e transformações são absorvidas contribuíram para uma abordagem mais precoce, com efeitos mais rápidos.
O movimento também atingiu o rico, intenso e multifacetado universo rural com efeitos extraordinários na absorção de conhecimento e na adoção de novas tecnologias. Atuam como vetor dessa transformação os programas de capacitação e qualificação fomentados pelo Sistema de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), ao lado do Senar e do Sebrae; os novos produtos educacionais criados por instituições de ensino e, fundamentalmente, a postura das cooperativas em oferecer oportunidades de treinamento e de empreendimento. Mais que isso: muitas cooperativas criam programas de engajamento, abrindo seus quadros de direção e assessoramento para jovens e mulheres.
Essas ações encorajaram a volta e a retenção de jovens no campo, os quais, com qualificação e estímulos recebidos, estão transformando as propriedades agrícolas em competitivas empresas rurais. É possível acreditar na perpetuação desse fenômeno porque os estabelecimentos rurais, administrados com racionalidade empresarial, tornaram-se rentáveis e lucrativos. Isso em grande parte porque uma das benéficas consequências da capacitação é a eficiente condução de cadeias produtivas, como as de carnes, grãos, lácteos, tabaco, frutas, flores etc.
O sucesso empresarial no campo assegura qualidade de vida e acesso a todos os benefícios que a vida moderna proporciona às famílias com boa capacidade de consumo.
Ficaram no passado as restrições aos jovens e a resistência em abrir espaço para o protagonismo juvenil – foco das reclamações recorrentes no passado e fator que dificultava a sucessão familiar. Essa mudança de mentalidade, evidentemente, é resultado de décadas de investimento em formação profissional e no fortalecimento do tecido social.
A face positiva dessa transformação fica visível nos programas como Qualidade Total Rural, De Olho na Qualidade, Propriedade Rural Sustentável, Negócio Certo Rural, Assistência Técnica e Gerencial (ATeG), e muitos outros que resultam da integração de esforços e recursos do Sistema S. São iniciativas de qualificação de alta performance que contemplam teoria e prática e pavimentam aos jovens o acesso à tecnologia.
É profundamente gratificante assistir aos trabalhos e projetos que os jovens apresentam ao final dessas jornadas de qualificação e, depois, acompanhar como esses projetos mudaram a realidade dos seus estabelecimentos rurais. É a consagração de um processo que conjuga trabalho, estudo e ciência e que resulta em produtividade, qualidade e ganhos econômicos. Os resultados não-econômicos são igualmente importantes: a realização de um sonho, a alegria da conquista por genuíno mérito, esforço e dedicação, perseverança e tenacidade.
Para quem conhece o mundo rural e compreende suas especificidades, seu universo cultural, suas imensas complexidades, seu potencial humano e suas possibilidades econômicas, é gratificante testemunhar essa evolução, esse empoderamento dos jovens nessa benfazeja transformação.
O campo tornou-se um setor essencial, moderno, complexo, avançado, capaz de garantir a segurança alimentar da Nação e gerar bilhões de dólares em riquezas exportáveis. Nele há um novo protagonista: o jovem.
Fonte: Luiz Vicente Suzin, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)
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