O hub de inovação AgTech Garage, de Piracicaba (SP), e o fundo de Venture Capital, The Yield Lab, com sede em Saint Louis, nos Estados Unidos, anunciam a criação de um veículo de investimentos que terá US$ 5 milhões para aportar em ag&food techs na América Latina.
O The Yield Lab Latam será o gestor do veículo e o hub o parceiro estratégico na originação das startups e na relação com investidores corporativos e grandes produtores rurais. A iniciativa integra um fundo regional de US$ 50 milhões. Com um ciclo de investimento de cinco anos, a expectativa é que o fundo tenha de 25 a 30 startups no portfólio.
José Tomé, CEO do AgTech Garage, afirma que a assinatura do memorando de entendimentos com o The Yield Lab para criar o fundo dialoga com a visão de futuro do hub, de se internacionalizar e se posicionar como um “one stop shop” para a inovação. Atualmente, o AgTech Garage tem mais de 50 empresas parceiras e mais de 800 startups conectadas à sua rede que cresce diariamente. O projeto foi inicialmente pensado para os parceiros do hub e poderá ser estendido a todo o mercado a depender da repercussão.
“Nós temos grandes parceiros e queremos gerar oportunidades de eles investirem de uma forma diferenciada, com um player de relevância internacional como o The Yield Lab. Hoje, alguns já investem em startups com fundos próprios, outros estão pensando em investir e nosso objetivo é disponibilizar opções”, diz Tomé.
Essa será a primeira vez que o The Yield Lab — que já investe nos EUA, Europa, América Latina e Ásia — faz uma parceria do gênero, segundo Kieran Gartlan, diretor do The Yield Lab Latam. A experiência do fundo de VC no mercado latino-americano, desde 2018, mostrou que a região tem ótimas oportunidades, mas está ainda no início do seu desenvolvimento. Em toda a América Latina, o The Yield Lab já investiu em 13 startups, incluindo três brasileiras (TerraMagna, @Tech e VOA).
“Estamos disruptando o modelo tradicional de Venture Capital com esta parceria. Vemos a importância do relacionamento no agronegócio, que difere do modelo puramente transacional do VC. Queremos ver todos os players do setor mais envolvidos para ajudar as startups a terem sucesso”, diz Gartlan.
De acordo com o diretor do The Yield Lab, a expertise do fundo é investir e dar retorno para o investidor, enquanto a do AgTech Garage é oferecer toda uma gama de serviços de inovação. “Estamos falando de eventos, cursos, desafios, que vão ajudar a educar e aculturar o mercado sobre por que e como investir em startups. É muito importante nesse momento unirmos esses dois lados. Juntos, seremos uma espécie de banco para as agtechs”, afirma Gartlan.
Foco dos investimentos
O foco dos investimentos será em ag&food techs em estágio inicial, com vistas a dar fôlego para que cheguem a rodadas de série A e série B. Segundo Tomé, a escassez desse tipo de investimento na América Latina tem levado muitas boas ideias ao vale da morte antes que tenham sequer a chance de tentar decolar. Entre os critérios para selecionar as investidas, ele destaca a multidisciplinaridade dos times e o potencial de ganho de escala das soluções. Para fortalecer o ecossistema de startups em estágio inicial, o fundo também vê com bons olhos a entrada em rodadas de co-investimento com outros Venture Capitals, inclusive corporativos, os chamados CVC.
Quanto a segmentos de mercado, a tese de investimentos do The Yield Lab e do AgTech Garage é ampla. “Os investidores têm um grande desejo de investir em agfintechs e startups com iniciativas ESG [sigla em inglês para social, ambiental e governança] e olhamos também para startups que caminham nesse sentido, mas nossa tese será abrangente. Queremos ter um portfólio bem diversificado e que dilua riscos”, diz Gartlan. Na frente ambiental, o The Yield Lab Institute já trabalha no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, buscando aumentar a consciência sobre a importância que as agtechs têm no fomento à sustentabilidade.
Para Gartlan, o Brasil é o centro do mundo em agtechs hoje. Isto, em função do clima, que permite produzir o ano todo; da mudança geracional em curso, que colocará os jovens produtores adeptos de novas tecnologias à frente das fazendas e das ineficiências no campo, que estão claras e precisam ser resolvidas.
“Os pequenos produtores no Brasil são muito mal-servidos em termos de crédito, seguros e mesmo de acesso a ferramentas como hedge para comercializar a safra. Isso só reforça que o Brasil é o lugar perfeito para se investir e, com o hub do nosso lado, vamos ajudar a tracionar negócios em estágio inicial que se propõe a resolver as questões do agro com o uso de tecnologia”, afirma Gartlan.
“Estamos muito contentes com a parceria com o The Yield Lab. Antes mesmo de nós fundarmos o AgTech Garage, eles já eram referência em Venture Capital no agronegócio e sempre estavam no nosso roteiro nas missões internacionais. É motivo de orgulho para nós sermos o hub parceiro estratégico para os investimentos deles na América Latina”, diz Tomé. O AgTech Garage também terá o que o mercado chama “skin in the game” (a pele exposta ao jogo) e compartilhará o sucesso do fundo com o The Yield Lab.
Fonte: A.I.
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