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Exportações de aves e suínos são exemplos à bovinocultura

Atenção aos detalhes é imprescindível para o sucesso internacional do setor brasileiro
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ENCONTRO DE CONFINAMENTO E RECRIADORES

João Paulo Monteiro, de Ribeirão Preto (SP)
joao@ciasullieditores.com.br

“Como sobreviver em um mercado que você tem como concorrente a JBS, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo?”. Esta foi uma das questões levantadas durante o debate que encerrou o bloco voltado ao mercado no segundo dia do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria.

A pergunta está totalmente relacionada ao tema do evento: “Não seja o motivo da sua própria extinção”.

O pecuarista e sócio proprietário do Frigorífico Coqueiro, Luiz Saalfeld, foi o primeiro a responder e deixou claro: “É preciso fazer algo diferente, diversificar e oferecer uma carne que, na verdade, seja um objeto de desejo”.

Na mesma linha seguiu o presidente do conselho de administração do frigorífico Frisa, Henrique Coutinho. O executivo reforçou a necessidade de diversificação e a relacionou com as exportações: “Estamos falando de carne de qualidade para atingir as exigências dos mercados internacionais. Porém, há uma demanda forte e crescente no próprio mercado interno e que, deste modo, compete com o preço da carne de exportação”.

Com as atenções voltadas ao mercado externo, Rodrigo Nakaghi Sato, gerente de exportação na Barra Mansa Alimentos, ressaltou a necessidade de padronização: “É preciso ter gados com padrão linear”.

Na visão dele, o cliente preza por não ter surpresas. “E ele rentabiliza quem presta um serviço ótimo, quem entrega uma carne que atenda às expectativas”, completou o gerente.

Esta é a maneira de criar uma suavidade nas negociações, uma possível dificuldade para os grandes frigoríficos. “Os maiores, pelo tamanho, apresentam dificuldades em padronizar a produção; diferente dos pequenos, que possuem excelência operacional”, frisou Rodrigo.

O mercado externo deve estar no radar dos pequenos frigoríficos, ressaltou o analista de mercado da Scot Consultoria, Felipe Fabbri. “Em 2023 tivemos a abertura da Indonésia e mais recente o México”, informou.

Essas conquistas, contudo, decorrem de anos e anos de negociações, que muitas vezes se arrastam por mais de década. “Esses processos não ocorrem em curto prazo”, afirmou Fabbri.

Atualmente, como também pontuou Fabbri, o País atravessa um período de transição dentro do calendário vacinal, com novas zonas livre de aftosa sem vacinação. O movimento visa justamente a abertura de novos destinos para a carne brasileira: “No longo prazo pretendemos exportar para mercados exigentes e que paguem mais, como Japão e Coreia do Sul”,

A pecuária segue a trilha deixada pelos setores de aves e suínos. “Atividades que se uniram e trabalharam junto aos órgãos competentes para a abertura de mercados mundo afora”, comparou o analista da Scot Consultoria.

Quem também compôs a mesa redonda foi o diretor de Mercados da ABPA, Luis Rua. O executivo colaborou no debate ofertando a ótica da avicultura e suinocultura e reforçou: “Agregação de valor e a atuação no mercado internacional são coisas que levam tempo”.

O profissional ilustrou por meio de um relato que, “há 20 anos, o Brasil disputava o mercado do Japão com os Estados Unidos”: “Era uma disputa palmo a palmo. E o que aconteceu? O Brasil, com o tempo, passou a entregar um produto padronizado, o que é muito relevante para a cultura nipônica. Já os Estados Unidos focaram apenas na escala e elevar a produção”, relembrou

Atualmente, o Brasil domina completamente este mercado e exporta cerca de 400 mil toneladas de carne in natura para o Japão. O motivo reside nos detalhes, explica o profissional da ABPA: “A perna desossada do frango, produto vendido aos japoneses, precisam caber nos ‘bento box’, espécie de marmita comumente utilizada pelos japoneses. Se ela for maior, ou torta, não entra no espaço destinado a ela”.

Nas palavras de Luis Ruas. “agregar valor é deixar de pensar somente no hoje”. “Exportação é investimento e abertura de mercado demora para se concretizar”, ponderou.

Ao voltar a conversa para o boi e como uma conclusão do debate, Alcides Torres, o Scot, fundador da Scot Consultoria, sintetizou: “A possibilidade e padronização na pecuária está ligada ao confinamento. Essa é uma vantagem competitiva do método”.

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