Cinco microrregiões respondem por 20% do VBP do setor
Diferentes grupos de microrregiões lideram a produção agropecuária nacional. É o que mostra um estudo realizado pelo Google para o Valor Econômico, que mensurou as buscas feitas na plataforma por itens como imóveis, serviços de saúde e itens de cuidados pessoais. O critério para a escolha das regiões foi sua contribuição para o valor bruto da produção (VBP) do agro.
No primeiro pelotão, com Alto Teles Pires (MT), Parecis (MT), Dourados (MS), Sudoeste de Goiás (MS) e Barreiras (BA), estão municípios que respondem por 20% do VBP agropecuário. Nessas cinco microrregiões, as buscas por produtos e serviços em 2020 cresceram 325% em relação a 2016, ano do último levantamento do Google sobre o tema. Nesse intervalo, as pesquisas no país cresceram 190%, em média.
Ao todo, as cinco microrregiões têm 1,8 milhão de habitantes, distribuídos por 51 municípios de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia, conforme dados do IBGE compilados pela reportagem do Valor Econômico. Nesse grupo, há municípios com menos de três mil habitantes – caso de Aparecida do Rio Doce (GO) – e alguns com mais de 200 mil, como Rio Verde (GO).
A economia desses locais depende fortemente da atividade no campo. Em 2018, o Valor Adicionado Bruto (VAB) da agropecuária (referente apenas à produção dentro da porteira) nessas cinco microrregiões representou, em média, 32% do VAB total dos 51 municípios, ou 29% do PIB local, segundo dados do IBGE. O PIB per capita nessas 51 cidades é de R$ 60.145, quase o dobro da média nacional.
As buscas por itens de saúde e cuidados pessoais no Google, por exemplo, saltaram 643% de 2016 a 2020; no Brasil, o aumento foi de 287%. As pesquisas por imóveis, por sua vez, aumentaram 363%, crescimento bem superior aos 189% da média do país (Foto: Valor Econômico)
“Usamos as buscas para entender o aquecimento da demanda, como uma proxy [aproximação]. A quantidade de pessoas que está buscando indica que tem demanda por um produto”, explica Monica Carvalho, diretora de negócios do Google.
Para identificar o comportamento das buscas para cada grupo de bens ou serviços, a gigante de tecnologia reuniu palavras correlacionadas aos itens, para evitar qualquer viés.
O segundo grupo analisado no levantamento tem 16 microrregiões, com 205 municípios de sete Estados e população de 6,2 milhões de pessoas. Nesse pelotão estão desde Serra Nova Dourada (MT), município de 1,7 mil habitantes, até Uberlândia, uma das principais cidades de Minas Gerais, com 700 mil moradores.
Nesse grupo, as buscas por produtos e serviços cresceram 240% entre 2016 e 2020, 50 pontos percentuais acima da média nacional. As pesquisas por joias nessas áreas, por exemplo, aumentaram 222% nesse período, enquanto, na média nacional, o interesse pelo item subiu 184% nas pesquisas. Nos itens de beleza e cuidados pessoais, o crescimento foi de 243% nas 16 microrregiões e de 188% no Brasil.
Ainda que o peso da produção do campo seja menor para essas 16 microrregiões do que é para as do primeiro grupo, a economia rural local também se sobressai. Em média, o valor adicionado da agropecuária dessas microrregiões representou 13% do PIB dos municípios em 2018, enquanto o PIB per capita, de R$ 38.633,54, ficou mais próximo da média nacional.
Embora o levantamento do Google tenha sido feito em um ano em que o comércio eletrônico ganhou protagonismo com a pandemia, a comparação entre as realidades regionais e a nacional sinaliza uma demanda mais aquecida nesses polos, diz Vitor Zenaide, líder de insights do Google.
Os ganhos “dentro da porteira” nos Estados em que as microrregiões selecionadas estão localizadas também têm superado a média nacional. De 2016 a 2020, o VBP agropecuário cresceu 15% no país, abaixo do desempenho de Mato Grosso (46%), Mato Grosso do Sul (42%), Paraná (21%) e Goiás (20%).
Em geral, mesmo nos polos agropecuários, a atividade emprega menos do que o comércio e os serviços. Em 2019, por exemplo, nos dois grupos de microrregiões selecionados pelo Google, a agropecuária ocupou 21% da mão-de-obra regional, segundo o Caged. Porém, muitas dessas empresas faturam com os recursos que a produção rural gera.
Para a diretora de negócios do Google, as buscas por itens de consumo podem indicar “o valor que o agronegócio deixa na economia local”, não necessariamente de forma direta. O levantamento, afirma ela, mostra que as empresas podem buscar os consumidores dessas regiões “sem necessariamente ter um produto adequado para o consumidor do agronegócio”.
Fonte: Valor Econômico, adaptado pela equipe feed&food.