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ESG e a nova agenda da pecuária brasileira

Mariana Beckheuser é CEO da Beckhauser, associada à MBPS
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Nos últimos anos, o Brasil vem assistindo a um crescimento intenso do agronegócio – da pecuária inclusive. Por serem setores fundamentais para a economia e a alimentação da população, essa expansão amplifica a necessidade de estarmos antenados às necessidades e tendências do mercado consumidor, direcionando ações a partir de uma agenda de governança ambiental, social e corporativa. A sigla ESG traz uma evolução do conceito de sustentabilidade para esse olhar ampliado e vem merecendo atenção do mercado investidor e consumidor no mundo todo.

O assunto não é novo também no setor. Há anos a pauta da sustentabilidade vem sendo tratada – sendo o Brasil, inclusive, o primeiro país do mundo a ter uma Mesa para discutir e fomentar a Pecuária Sustentável. No entanto, esse termo muitas vezes se via confundido apenas com o pilar ambiental, quando, na verdade, permeia os três pilares – econômico, social e ambiental. 

No aspecto social, estão conectadas as mudanças nos hábitos de consumo, que passaram a privilegiar produtos de origem sustentável, e a busca por soluções inovadoras por parte da população, gerando novas demandas e oportunidades para o setor agropecuário como um todo.

Boas práticas – muitas vezes simples de implementar – asseguram uma produção mais sustentável do ponto de vista do meio ambiente, com retornos positivos nos aspectos econômico e social. Esse olhar posiciona nossa pecuária e os produtos dessa cadeia produtiva em destaque aos olhos do mundo e do mercado consumidor, que passa a ter novas exigências, a exemplo da recente publicação da União Europeia limitando compras de produtos advindos de áreas com desmatamento.

Nossa agropecuária tem excelentes condições, com uma vocação natural de clima que favorece a rápida evolução da produção para modelos mais sustentáveis, por meio da aplicação de tecnologias que vão desde o uso de cercas para separação de piquetes e pastejo rotacionado até a adoção de sistemas como a ILPF (Integração Lavoura Pecuária-Floresta), amplamente estudada pela Embrapa e difundida como uma saída com ótimos resultados produtivos, financeiros e ambientais.

Outro exemplo muito conectado ao nosso trabalho na Beckhauser é a adoção dos conceitos de bem-estar animal e humano no manejo, segundo o qual o animal deve ser criado sem estresse, com técnicas que previnem lesões e, ao mesmo tempo, sejam ergonômicas para os profissionais. Essas práticas trazem redução direta no índice de acidentes e melhoria nas condições de saúde e segurança e do ambiente de trabalho para as pessoas. Menos acidentes significam menos lesões, que resulta carne de melhor qualidade, reduzindo os descartes ao longo do processo e impactando diretamente na diminuição do desperdício de alimentos – alinhado ao segundo dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU). 

O combate à fome e ao desperdício está diretamente ligado ao S da sigla ESG. Também nesse campo social, o setor tem outras grandes possibilidades de contribuir, como pela geração de emprego e renda – vide dados da nova Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) publicados recentemente pelo IBGE, que apontam regiões de predominância do agronegócio, como o Centro-Oeste, entre as que mais se desenvolvem e melhor distribuem renda para suas populações.

ESG na prática

Mais importante que teorizar sobre a agenda ESG é aplicá-la no dia a dia de uma empresa do ramo agropecuário. O planejamento e a organização são as chaves para o sucesso desse processo, que pode exigir a revisão em diferentes extensões da rotina e das decisões empresariais.

Trazendo como exemplo a Beckhauser, indústria do segmento de contenção bovina da qual sou CEO, um processo de sucessão familiar estruturado desde sua idealização foi o fator primordial para avançarmos com a agenda ESG na empresa.

A partir disso e do trabalho em prol da sustentabilidade, do bem-estar dos animais, das pessoas e do meio ambiente ao longo de sua história, foi possível olhar para essas questões desde a escolha dos materiais utilizados nos produtos que chegam até nossos clientes, quanto no dia a dia do ambiente corporativo com o uso de energia limpa, captação de água de chuva, política de redução de descartáveis e tratamento de resíduos sólidos – que toda fazenda, independentemente de seu tamanho, também pode fazer.

Priorizar o impacto que as atividades desenvolvidas pelas empresas geram nas esferas ambiental e social deverá ser, sem dúvidas, o foco do setor agropecuário daqui para frente – assim como do mercado como um todo. Produtividade e sustentabilidade são conceitos que não deverão mais ser trabalhados de forma separada, seja no campo ou na rotina das organizações que produzem soluções para a pecuária, importante fonte de renda para a economia nacional e de alimentos para a população.

Mariana Beckheuser é CEO da Beckhauser, associada à Mesa Brasileira da Pecuária Sustentável (MBPS)

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