Sistema de inspeção do setor de proteína animal esteve em debate em SP
Natália Ponse, da redação
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A contaminação da carne por microrganismos causadores de doenças transmitidas por alimentos (DTAs), que depende de pesquisa laboratorial para a detecção, representa o principal risco da atualidade e evidencia a importância do sistema de inspeção de carnes. Existe a inspeção “ante mortem” e a “post mortem”. Na primeira, o veterinário observa o animal antes do abate para garantir que não apresenta doenças que possam comprometer a saúde do consumidor final. Esta parte é importante, pois algumas doenças podem ser detectadas apenas no animal vivo, não tendo alterações na carcaça.
Já a inspeção “post mortem”, ou seja, após o abate, são realizadas várias análises e exames nas vísceras e gânglios, a fim de garantir um produto de qualidade para o consumidor. Na sala de abate existem pontos conhecidos como linhas de inspeção, onde ocorrem os procedimentos de inspeção “post mortem” realizados por agentes de inspeção sanitária, sob a observação de fiscais agropecuários (médicos-veterinários).
Após a realização de todos os exames, a carcaça, considerada própria para consumo, recebe o carimbo de inspeção em partes pré-determinadas, passa por uma toalete final e vai para a refrigeração, aguardando expedição para o consumo. Caso seja detectado algum problema, a carcaça não vai para o consumo, e o médico-veterinário toma as providências cabíveis. O resfriamento da carcaça antes de seu envio para o consumo é muito importante tanto do ponto de vista sanitário como do ponto de vista da garantia de qualidade e de tempo de prateleira (prazo de validade).
Para fortalecer o trabalho pela qualidade e a reconstrução da imagem do setor produtivo, seguindo todos os parâmetros legais em uma parceria do setor público e da iniciativa privada, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura (DIPOA/MAPA) realizaram ao longo da última semana (de 18 a 22 de fevereiro) um encontro em São Paulo (SP) para tratar sobre temas do sistema de inspeção do setor de proteína animal.
“O evento buscou esclarecer pontos e construir a harmonização de entendimentos acerca de diversos pontos relativos à inspeção nos abatedouros, fortalecendo a transparência nas relações entre o setor público e a iniciativa privada”, conta o diretor Técnico da ABPA, Rui Eduardo Saldanha Vargas. De acordo com ele, a confiabilidade e a transparência de todos os entes da cadeia produtiva, seja público ou privada, são primordiais para a obtenção de um produto seguro e confiável ao consumidor.
No encontro, do qual participaram técnicos das agroindústrias produtoras e exportadoras e auditores fiscais do Ministério da Agricultura, foi apresentado o sistema de treinamento na inspeção ante e post mortem de aves e suínos. Além disso, também foram discutidas as ações e procedimentos de verificação oficial dos controles em estabelecimentos produtores de carne e suínos. “Foi feita uma introdução do sistema de treinamento na inspeção ante e post mortem de aves e suínos, com o objetivo de construir um perfeito entendimento pelo setor privado, harmonizando e estabelecendo os padrões que se refletem na segurança do alimento ao consumidor”, conta Rui Vargas.
Ele prossegue dizendo que há uma compreensão harmônica entre os setores público e privado sobre questões e pontos do processo produto, aplicando a racionalização dos processos, o que gera ganhos em qualidade e em padronização no entendimento das legislações que permeiam o sistema produtivo. “Neste evento em SP tivemos por objetivo construir disseminadores destes conceitos. A disseminação dos pontos técnicos ali tratados contribui para incrementar a confiabilidade do processo produtivo, alinhando entendimentos de conceitos entre todos os players”, finaliza Rui Vargas.
Outros encontros semelhantes a este devem ser realizados.