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MERCADO

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Elas estão divulgando o potencial produtivo do Brasil para o mundo

Por feedfood
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Natália Ponse, da redação

natalia@ciasullieditores.com.br

Falar de mulher no mercado de trabalho é inspirador quando existem personagens com históricos e conquistas tão enriquecedores que possam auxiliar outras profissionais a ascender. É o caso de Marília Rangel e Isis Sardella, dois importantes nomes dentro da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA, São Paulo/SP). Além de batalhar por um espaço no concorrido e masculino agronegócio, elas perpetuam sua trajetória com a missão de pulverizar o potencial produtivo brasileiro para o mundo.

Ainda são poucas as mulheres em cargos de liderança em associações no Brasil. “Os quadros de conselho ainda são formados, em sua maioria, por homens acima de 60 anos, o que também dificulta a diversificação na contratação nos cargos executivos. Entretanto, em mais de dez anos em associação, vejo que é importantíssimo incluir mais mulheres em cargos de liderança”, reflete Rangel, secretária-geral do Conselho Internacional de Avicultura (IPC).

De tradutora voluntária do Banco Interamericano de Desenvolvimento ao cargo atual, a profissional de 34 anos passou por um estágio no Banco Santander Brasil, foi analista de Comércio Exterior na antiga Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Frango (ABEF) e coordenadora de Relações de Mercado na extinta União Brasileira de Avicultura (Ubabef) até chegar à coordenadoria de Mercados na ABPA, logo antes de assumir a secretaria geral do IPC.

Essa trajetória se deu num período de onze anos. Formada em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP, São Paulo/SP), a paulistana Marília Rangel cursa atualmente mestrado em Global Food Law pela Michigan State University (EUA). No associativismo, já atuou na estratégia de mercado interno e externo do setor, representando o País em fóruns internacionais e junto ao governo brasileiro. Participou ativamente das decisões estratégicas do setor, além de estar presente nos contenciosos que envolviam a avicultura na Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Na ABPA, uma das minhas grandes conquistas foi a vitória no contencioso contra a Indonésia. Como bacharel em Relações Internacionais sempre interessada em temas do comércio internacional, ter participado de todo o processo do contencioso foi algo memorável”, relembra a executiva. Na posição atual, ela celebra a atual discussão para alteração do regulamento dos países do Golfo com relação à insensibilização de aves em cuba. “É um problema que o setor vem enfrentando há 20 anos, em nível mundial. Desde o início de 2017 o IPC tomou a frente e está negociando com as autoridades de países árabes para a alteração da legislação. Ainda é um trabalho em desenvolvimento, mas que quando for finalizado, será um divisor de águas para o comércio com o mundo islâmico”, explica Rangel.

Com graduação em Engenharia Agronômica pela Escola de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP, Piracicaba/SP) e MBA em Gestão do Agronegócio pela mesma universidade, Isis Sardella, de 37 anos, é o nome dentro da ABPA responsável por levar o setor avícola e suinícola a grandes ações internacionais, em destinos como Alemanha, França, Inglaterra, Bélgica, Emirados Árabes Unidos, Japão, China, Índia, México, Rússia e outros.

Desde 2005 na então ABEF, Sardella foi contratada para a área de Estatísticas e Inteligência com o objetivo de desenvolver um Informativo de Mercados para os associados. Um ano após, na função de analista de Comércio Exterior, foi convidada pelo então presidente da associação, Ricardo Gonçalves, para gerenciar um projeto setorial de promoção comercial em parceria com a Apex-Brasil (Brasília/DF).

Desde 2006 assume a gerência das ações de promoção comercial da entidade. Oito anos depois assumia o cargo de coordenadora de Marketing e Promoção Comercial na Ubabef, gerenciando também as ações de promoção comercial da carne suína na ABPA, após sua criação. Em 2017, após algumas reestruturações na entidade, passou a assumir o cargo de Gerente de Serviços na entidade, continuando responsável pelo projeto de promoção comercial em parceria com Apex e assumindo novos projetos na entidade.

O trabalho de Isis na promoção comercial do setor acompanha o período em que o Brasil obteve grandes avanços nas exportações. Ela coordenou ações em feiras internacionais, workshops e outras iniciativas junto ao mercado internacional, sendo responsável também pela coordenação do processo de branding setorial, o que estabeleceu novos alicerces de imagem para o setor.

“Há mais de dez anos, gerencio o projeto de promoção comercial das marcas Brazilian Chicken, Brazilian Pork e Brazilian Egg. Já coordenei mais de quarenta eventos internacionais de divulgação das marcas setoriais e das empresas associadas, dentre elas, a participação nas maiores feiras de alimentos do mundo, ações de Copa do Mundo e de promoção em parceria com Embaixadas do Brasil em vários países”, demonstra a executiva.

Ela reconhece que o meio agro é um mundo masculino, no entanto, declara que há alguns anos esse cenário vem se alterando com o aumento da presença de mulheres, especialmente de decisoras, nesse meio. “Aos poucos, temos mostrado que o agro só é forte com a união e o equilíbrio na presença de mulheres e homens, alinhados em um único propósito: produzir alimentos para o mundo”, salienta.

Representando um marco na história feminina da ABPA, ambas reforçam o que é necessário para crescer no setor. Rangel salienta a importância de se impor e demonstrar valor quando se está ingressando no agronegócio. “Infelizmente o mercado de trabalho como um todo ainda segrega muito e as oportunidades de colocação e promoção são mais escassas para mulheres, ainda que isso não seja reconhecido pelas lideranças”, conta a executiva, que complementa: “É importante que mulheres no topo levem consigo aquelas que demonstraram sua competência, dando a elas o espaço necessário para crescer”.

Sardella fomenta que, com competência e esforço, a mulher pode chegar longe na sua carreira profissional no meio agro. “Quanto mais mulheres de peso tivermos no nosso meio, mais rápido conseguiremos quebrar as barreiras encontradas por sermos categorizadas como o ‘sexo frágil’”, finaliza. De fato, quanto mais o tempo passa, mas há de se ter a certeza: juntas, somos mais fortes.