Wellington Torres, de casa
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Frente às outras proteínas animais, o ovo sempre se mostrou resiliente aos altos e baixos do mercado produtivo. Isso ocorre porque o produto, presente na casa dos brasileiros o ano todo, pode muito bem ser considerado um item coringa da alimentação.
Os números mais recentes, apresentados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), destacam um possível crescimento na produção de 2021 em 2%, com 54,5 bilhões de unidades, e de 3% para 2022.
Segundo o diretor comercial do Grupo Mantiqueira, Murilo Pinto, o ovo brasileiro possui um grande diferencial: o frescor. “A proteína aqui no País não fica na cadeia resfriada, como ocorre em outros, como Dubai e Estados Unidos. Isso está ligado à capacidade de produção e pelo alto giro”, destaca, ao afirmar que “nossa cadeia produtiva é caracterizada como seca”.
“Esse é o grande diferencial: [ o País] é produtor e distribui em todo o território. Há polos em todo o Brasil, desde o Sul até o Nordeste, por exemplo”, ressalta Pinto.
Mas isso só ocorre, de acordo com ele, devido aos benefícios da proteína. “Entre eles, há a questão dos custo-benefício, que é inegável. O ovo vai além da proteína animal quando se pensa nas barras de cereal, por exemplo. Ele sempre entrega gramas de proteína por Real muito melhor do que qualquer outro alimento, por isso, não é à toa que é considerado o segundo mais completo do mundo, perdendo apenas para o leite materno, que não é encontrado no mercado”.
“É muito saudável e nutritivo. Bom para o coração, o cérebro, é rico em ferro e minerais e há nele todas as vitaminas – menos a C, mais fácil de ser encontrada em outros produtos”, relembra, ao também pontuar a praticidade ofertada pelo alimento: “Ele é o coringa da alimentação. Pode comer no café da manhã, no almoço, no meio do dia ou no jantar, seja cozido, frito ou até mesmo feito no micro-ondas”.
Vale ressaltar que, atualmente, o consumo per capta de ovos no Brasil é de 251 ovos por ano, o que representa um aumento de 8,5% em relação a 2019 e de surpreendentemente 167% nos últimos 20 anos, como também aponta a ABPA.
Produção e relação com os insumos necessários
Se há algo que tem preocupado os diferentes setores produtivos do agronegócio brasileiro é a alta dos insumos necessários, como farelo de soja e milho, ambos de suma importância para o mercado avícola. Mas o que os consumidores devem esperar?
Como explica Murilo, “o cenário é muito desafiador, pois o setor de proteína animal tem sofrido muito com a situação”. “O insumo básico de todo o nosso negócio – e o mais relevante em termos de valor – é a ração da ave, composta por 80% de soja e milho. Ambos os grãos tiveram mais de 100% em inflação desde o início da pandemia”, pontua.
De acordo com ele, alta se deve, em boa parte, por conta de o dólar ter disparado e as exportações de soja e milho aumentarem, fazendo com que sobrasse uma quantidade menor de insumos para o mercado interno. “Mais recente, o que está piorando a situação, é que a inflação está chegando de outras coisas, além dos insumos, como o diesel, impactando em muito o frete, a energia elétrica, pneus e materiais de manutenção. A inflação está nos atingindo como um todo”.
Por isso, para o próximo ano, profissional alerta para que consumidores esperem por um aumento dos preços. “Vai ter que acontecer em algum momento um reajuste no valor da proteína e acredito que será na faixa de – ao menos – 10% a 15%”.
Contudo, para evitar que situações como essas impactem de maneira emergencial os consumidores, a Mantiqueira possui uma robusta capacidade de armazenagem que, pode chagar até um ano em milho. “Procuramos estar sempre bem-posicionados. A galinha não come dinheiro, como milho, por isso temos uma política de originação muito regrada e forte, o que nos permitiu conseguir sustentar um pouco dos preços neste ano, independente dos aumentos”, comema, ao pontuar a ação como iniciativa essencial para toda agroindústria.
Não há possibilidade de desabastecimento!
Em meio à crise atual, que exige mudanças no comportamento alimentar dos consumidores, principalmente à troca de carnes por ovos, a ascendente procura não deve causar preocupações.
“Acredito muito em nosso setor. Tem plena condição de suprir um aumento de demanda que, por sinal, já vem ocorrendo nos últimos anos. Há 10 anos, o consumo era de 148 ovos per capta, no ano passado atingimos 251”, conta ao destacar uma situação: “Podemos pegar um badeja de 30 ovos, que está sendo vendida por 15 reais. Quando se coloca 10% em cima desse valor, estamos falando de 16,50, ou seja 1,50 de aumento. É diferente quando se fala da carne que está saindo por 40 reais e terá o mesmo aumento. Por mais que aconteça um reajuste, o ovo continua sendo a melhor proteína e a mais barata”.
Perante as exportações, cenário é ainda mais tranquilo, visto que os embarques giram em torno de apenas 1% de todo o produto nacional, do qual a Mantiqueira é responsável por 70% dele. “Ainda não é compensatório a migração e aumento de envios ao mercado externo, como aconteceu com as outras proteínas”, comenta.
Ao Dia Mundial do Ovo
Como mensagem especial ao Dia Mundial do Ovo, comemorado hoje (08), Murilo, em nome da Mantiqueira, reforça compromisso da empresa com o bem-estar animal. “Assumimos o compromisso e estamos elaborando uma unidade sem gaiolas para um milhão de aves. Não construímos novas unidades de gaiola e até 2025 teremos mais de dois milhões e meio de animais livres em nosso plantel”. Ação resulta na linha Happy Eggs.