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Cuidado com a ambiência reduz impacto do inverno na produtividade de aves poedeiras

feedfood

Gabriela Salazar,

gabriela@ciasullieditores.com.br

Manejo e ambiência são pautas fundamentais quando o tema é bem-estar animal. Na produção de ovos, o cuidado com as poedeiras é fundamental. Em determinados períodos do ano, é comum que, se mal manejado, o lote possa se tornar menos produtivo. Mas, você sabe como de fato o inverno impacta a produção de ovos? Para abordamos o assunto, conversamos com o médico-veterinário e professor de avicultura e ornitopatologia da Universidade de Vassouras (RJ), Dr. Ramon Loureiro Pimenta.

O professor explica que, para entendermos como as aves podem ser afetadas, é necessário que compreendamos primeiramente a fisiologia reprodutiva das fêmeas das diferentes espécies animais. O ciclo reprodutivo ocorre em ciclos, onde existem variações hormonais dependendo da fase do ciclo em que a fêmea se encontra. Ramon explica, ainda, que dentro da natureza, existem espécies que são fotoperíodo positivo e fotoperíodo negativo, ou seja, em caso positivo, iniciam seu ciclo estral em épocas do ano que os dias são mais longos que a noite, no caso, no verão, como ocorre com a espécie Gallus gallus.

Além disso, o profissional também pontua que devemos lembrar que o ovo é o ovócito da galinha, logo, a produção de ovos para consumo está relacionada ao ciclo reprodutivo da espécie. Sobre isso, o profissional comenta mais a fundo na matéria: Fake News – Porque o ovo não é a menstruação da galinha.

Arte: f&f.

Verão x Inverno e a produção de ovos

Em entrevista ao portal feed&food, Ramon relata que a produção de ovos está diretamente relacionada com a questão ambiental e que, as aves, podem sim reduzir a produção em determinados períodos do ano. Isso ocorre, segundo o especialista, devido às variações na duração e intensidade de luz dos dias entre o solstício de verão e inverno.

“Logo após o solstício de verão os dias vão ficando mais curtos, isso ocorre muito lentamente, enquanto no solstício de inverno, que ocorre em junho, os dias voltam a aumentar gradativamente. Para se ter uma ideia, levando em consideração a região sul do Brasil, podemos ter uma diferença de 4 horas de luz entre os solstícios. A diminuição da produção acompanha essa dinâmica, e é mais perceptível entre o final de março, se intensificando entre maio e junho e se recuperando nos meses subsequentes, chegando ao ápice de produção entre novembro e dezembro”, explica.

Menos luz, menos produção

Ramon ainda explica que “a glândula pineal produz um hormônio chamado de melatonina quando o animal está em um ambiente escuro, esse hormônio bloqueia a liberação do hormônio folículo estimulante (FSH) pela adenohipófise, sem os estímulos hormonais, os folículos ovarianos que darão origem a gema do ovo, não irão se desenvolver, consequentemente, não conseguirão romper a camada cortical do ovário, não sendo liberados no infundíbulo, logo, não ocorrerá a formação do ovo”.

De olho nos termômetros

Independente da época do ano, Ramon esclarece que a temperatura é de extrema importância para a produção, sendo necessário que as poedeiras sejam mantidas em ambientes com temperaturas medianas, de preferência, em torno dos 25°C. “A primeira função que o animal para de realizar em uma situação de estresse é a reprodutiva, logo, a ambiência na avicultura de postura é fundamental para uma boa produtividade”, ressalta.

O profissional fala mais sobre o tema na matéria: Resfriamento de galpões independe da região

Reduzindo o impacto na produção

Para driblar os impactos, o profissional explica que a localização da granja precisa ser considerada. Devido à vasta dimensão territorial brasileira e seus variados aspectos ambientais, em uma mesma época do ano, é possível ter diferentes intensidades e horas de luz/dia em diferentes regiões do País. “Produtores do nordeste tendem a sentir menos as variações de intensidade e horas de luz no decorrer do ano que produtores do sudeste e do sul”, exemplifica Ramon.

Ramon também orienta: “O produtor deve implantar um manejo de luz, que deve ser iniciado nos primeiros dias de vida das aves, sendo importante, inclusive, para retardar o início da postura, melhorando a conformação de pélvis da ave e, consequentemente, diminuindo as perdas por prolapso de cloaca”.

Já em relação aos aviários abertos, a implantação do manejo de luz também se faz essencial. Segundo o profissional, é necessário que os aviários acendam as luzes antes do amanhecer ou no início da noite, aumentando dessa forma a exposição da ave a luz. “O importante é garantir entre 16 a 17 horas de luz no total na fase de produção de ovos, que ocorre a partir da décima nona semana de vida da ave, claro que para chegar nessas horas de luz deve-se fazer uma programação. Aumentar a intensidade ou horas de luz em animais que não foram criados com esse tipo de manejo pode resultar em estresse (canibalismo, consumo de ovos, consumo de penas)”, reitera.

Médico-veterinário e professor de avicultura e ornitopatologia da Universidade de Vassouras (RJ), Dr. Ramon Loureiro Pimenta (Foto: reprodução)