Natália Ponse, da redação
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As projeções para as exportações brasileiras de carnes continuarão animadoras neste ano, ainda que a expectativa de um ambiente econômico negativo limite o poder de reação do consumidor brasileiro. Esta é a declaração do analista Sênior do Rabobank Brasil (São Paulo/SP), Adolfo Fontes. Com relação à carne bovina, a menor oferta do produto australiano, a desvalorização do real frente ao dólar, a reabertura do mercado chinês e a crescente possibilidade de início dos embarques de carne in natura para o Estados Unidos devem impulsionar ainda mais as vendas brasileiras ao mercado externo.
Em relação à carne de frango, Fontes pontua o destaque da América do Sul por nunca ter apresentado casos de gripe aviária. “A epidemia global da doença em importantes países produtores deve continuar a fortalecer a competitividade de regiões não afetadas em 2016”, aponta. A sanidade também é ponto a favor para o mercado de carne suína já que, após a recuperação da produção nos Estados Unidos (que superou os graves problemas com o vírus PED relatados em 2014), as projeções do Rabobank para 2016 indicam que o comércio internacional deve continuar a crescer. “Contudo, a forte desvalorização do real em relação ao dólar deve favorecer as exportações de carne suína brasileira e criar um ambiente favorável à sustentação dos preços no mercado interno”, afirma. No entanto, o especialista lembra que se de um lado a desvalorização da moeda brasileira favorece o cenário para as exportações, do outro, impulsiona o custo das rações – como consequência da valorização dos grãos em reais.
Apesar disso, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA, São Paulo/SP) prevê crescimento na área de exportação: no início do ano o crescimento estava estimado entre 3% a 5% nos volumes embarcados de frango. Agora, no início do segundo semestre, a estimativa é de alta de 8%. A abertura de mercados também é outra aposta da associação. “Temos boas expectativas quanto a abertura dos mercados de Taiwan e República Dominicana, além da habilitação de novas plantas para o embarcar carne de frango do Brasil para a China. No radar do setor, também estarão a Austrália, Nova Zelândia, Camboja e o acompanhamento do painel contra a Indonésia”, declara a ABPA. Já sobre o setor de suínos, a associação declarou no início do ano crescimento entre 2 e 3%, expectativa que se atualiza, agora, com cenário de superação em 28% do total registrado no ano passado. Espera-se também que duas novas plantas habilitadas no Brasil influenciem positivamente os embarques para a China. Há, ainda, boas expectativas quanto à abertura do mercado da Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia e União Europeia, além da abertura para venda ao varejo na África do Sul e da possível elaboração do protocolo de miúdos para embarques à China.
Com relação a carne bovina as projeções são menos positivas. Para a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon, Goiânia/GO) o confinamento pode cair até 3,5% em razão da desconfiança do pecuarista sobre o consumo doméstico, custos de produção e retomada das exportações de carne bovina. “O pecuarista precisa cada vez mais trabalhar com cautela, aumentar a eficiência, e trabalhar na gestão de risco. Os pastos estão bons, então esperamos nos grandes confinamentos uma redução, mas a suplementação base vai aumentar conforme o mercado melhore”, ressalta o diretor de Relações Institucionais, Marcio Caparroz.
As exportações devem retomar os mesmos níveis de 2014, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec, São Paulo/SP). O fim aos embargos à carne brasileira devem expandir o mercado externo com a retomada de negócios com a China, Arábia Saudita, além da conquista de novos parceiros como os Estados Unidos. A China, principalmente, deve dar grande impulso às exportações, já que com mais frigoríficos habilitados e com a desaceleração da economia chinesa, os recursos de investimentos e infraestrutura serão desviados para o consumo. “A expectativa é que em 2016 as exportações atinjam US$ 7,5 bilhões, confirmando o Brasil como líder no mercado mundial de proteína”, afirma o presidente da ABIEC, Antônio Jorge Camardelli (foto lateral).