Wellington Torres, de casa
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Ao se pensar em mercados produtivos emergentes, a piscicultura brasileira deve estar no radar de futuros investidores. Como aponta a Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR), apenas em 2020, o setor somou 802.930 toneladas entregues, com cerca de R$ 8 bilhões em receita.
O cenário, levando em conta os altos valores das demais proteínas, como os da carne bovina, é propício ao setor pesqueiro. Segundo o Engenheiro de Pesca e presidente da Federação Nacional dos Engenheiros de Pesca do Brasil, José Carlos Pacheco, tal encarecimento está relacionado a demanda internacional e ao crescimento populacional.
“As proteínas bovinas e suínas não se apresentam como competidoras ao pescado, na verdade, o que ocorre é o crescimento da população e a necessidade de produzir proteínas. A vantagem é que o pescado, ao se pensar no Brasil, conta com o aporte de águas continentais, como lagos e represas, e uma costa com capacidade de produzir cada vez mais”, explica o profissional.
No entanto, ao se pensar no mercado consumidor nacional, mudanças como essas são vistas de forma positiva. “O encarecimento das demais proteínas vai abrir espaço ao pescado e afins, fazendo com que os consumidores migrem para o consumo da proteína de forma assídua”, salienta.
Para produzir, atenção à sustentabilidade com o profissional certo
Contudo, para que essa investida ocorra, de fato, pontos como sustentabilidade devem ser sempre postos em destaque, tendo em vista a maior participação dos consumidores na definição de sucesso de um produto.
De acordo com o presidente, para se pescar ou cultivar organismos aquáticos não se faz necessário um Engenheiro de Pesca, no entanto, “se a preocupação está na sustentabilidade da atividade pesqueira ou aquícola, sim”. “O profissional estuda o ambiente aquático como um todo, em áreas como a limnologia, a oceanografia, a geologia de ambientes aquáticos, a meteorologia, os diferentes métodos de cultivo, a economia e administração dos recursos pesqueiros, o monitoramento, a avaliação e o manejo dos animais”, destaca.
Por isso, Pacheco também reforça que, nos meios produtivos, é preciso que os órgãos públicos entendam essa necessidade, e ao identificar as unidades produtivas – se existirem profissionais que possam se responsabilizar de qualquer dano à natureza – que tais profissionais tenham o compromisso ético de produzir alimentos com qualidade.
Além do mais, como complementa o Analista Ambiental e ex-Gestor de Recursos Pesqueiros do IBAMA-DF, José Dias Neto, também Engenheiro de Pesca, a iniciativa é um dos princípios fundamentais na formação da área de estudo.
“Todo o fundamento do uso dos recursos pesqueiros tem como base a captura máxima sustentável. Essa teoria se fundamenta em modelos de avaliação de estoques do pescado ainda no ambiente (portanto vivos), desenvolvidos um pouco antes de meados do século passado e em evolução. Portanto muito antes da sustentabilidade virar moda, a ciência pesqueira já tinha esse princípio como base”, enfatiza.
Atenção ao futuro
Como sinal de uma maior participação dos pescados em lares brasileiros, no dia 28 de outubro de 2021, a Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) firmaram aproximação. A iniciativa tem como objetivo potencializar a tilapicultura em território nacional.
“O que nós esperamos com essa parceria, neste primeiro momento, é ganhar competitividade para a tilapicultura e para a produção de tambaqui, porque são espécies que estamos produzindo em volume significativo, com ganhos de competitividade. Agora precisamos, e vamos, avançar mais rapidamente”, destacou o presidente executivo da Peixe BR, Francisco Medeiros a nossa equipe (Leia a matéria completa aqui).