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Agronegócio brasileiro oferece ampla oportunidade para pesquisas

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Wellington Torres, de casa

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Ao permitir que a humanidade se compreenda, a ciência é responsável, de forma direta, pela promoção de qualidade de vida, possibilitando avanços nas áreas da saúde, energia e alimentação. Neste último ponto, é de suma importância entender a relação com o agronegócio.

Como destaca o geógrafo, mestre em Ecologia e doutor em Agronegócio, Heinrich Hasenack, a ciência acompanha o setor da lavoura ao consumidor, em todas as etapas de produção. “[Isso ocorre] na forma de manejo e conservação do solo; no desenvolvimento de implementos agrícolas; na eficiência do armazenamento e transporte dos produtos; na comercialização e em como esses produtos são processados pelo usuário, seja na indústria ou na mesa do consumidor”, explica o também professor do Departamento de Ecologia, do Instituto de Biociências e do programa de Pós-Graduação em Agronegócios do Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios (CEPAN), ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Para o profissional, em cada elo da produção exercida pela agropecuária existe um conhecimento específico que pode ser útil para fazer com que uma cadeia produtiva seja eficiente. “Em todo o processo há ciência de diferentes áreas do conhecimento sendo desenvolvida, que, por sua vez, traz inovações”.

Quando a relação ciência e agronegócio paira sobre o Brasil, Hasenack conta que o setor produtivo nacional possui acesso à tecnologia desenvolvida com base na ciência de outros países, “mas também tem absorvido muito do conhecimento oriundo das pesquisas nacionais, realizadas por empresas privadas, institutos de pesquisa estaduais e universidades”.

Contudo, alguns problemas têm impossibilitado maior desenvolvimento nacional. “De modo geral temos tido redução nos investimentos e muito da ciência desenvolvida não chega ao campo. Um maior número de produtores poderia se beneficiar se houvesse maior investimento em assistência técnica rural”, ressalta Hasenack.

Perante a falta de investimento, o jornal O Globo publicou, no dia 07 de junho, o seguinte levantamento: “30 das 69 universidades federais – entre elas, UFRJ, UFF, UFMA, UFBA, UFPE, UFABC e UFES – não vão conseguir chegar ao fim de 2021 com o orçamento atual, mesmo que todo ele seja liberado. Isto é, prédios poderão ser fechados, funcionários demitidos, bolsas serão cortadas, pesquisas serão interrompidas e até as aulas remotas poderão parar”.

Ainda segundo o informativo, “dos R$ 4,3 bilhões de gastos discricionários da rede federal de educação superior, R$ 789 milhões (17%) ainda estão indisponíveis aguardando liberação do MEC (Ministério da Educação)”. Informações exemplificam a atual situação da ciência brasileira.

Produzir mais e degradar menos

Frente às novas formas de se trabalhar o agronegócio, a sustentabilidade se faz essencial em todas. O que, por sinal, além das áreas clássicas, relativas à produção e ao mercado, destaca-se ao se pensar no futuro da ciência no setor.

“Precisamos conhecer melhor onde cultivamos. Por exemplo, a ciência nos permitiu desenvolver o sistema de coleta de dados por GPS, o qual está embarcado inclusive em muitos implementos agrícolas utilizados no dia a dia da atividade agropecuária e coleta um conjunto enorme de dados. Os dados coletados mostram que as condições de solo e água nas lavouras têm grande variação e, portanto, necessita um tratamento diferenciado”, explica o professor.

Hasenack também pondera que, em algumas áreas, é preciso ajustar o solo com uso de calagem ou com adição de nutrientes. Contudo, “muitas áreas agrícolas já estão com excesso de determinados nutrientes, mostrando que o produtor está gastando em fertilizantes o que sua terra já possui em excesso”.

“O mesmo se aplica em outros elos da cadeia produtiva. Se é ineficiente no transporte, seja na perda de grãos ao longo do caminho, seja por armazenamento inadequado, por uma logística complexa, a solução está em desenvolver estratégias mais eficientes e implementá-las. Isso exige formação de pessoas em várias áreas do conhecimento”, afirma o profissional.

Novos passos para a ciência no agro

E como a ciência e o agro não param, o professor reforça que, mesmo que pareça “lugar comum, a área interdisciplinar do setor produtivo oferece uma gama muito ampla de oportunidades de pesquisa e eventos científicos”. Entre as possibilidades, se encontra o Simpósio da Ciência do Agronegócio, “uma oportunidade para identificar temas atuais e relevantes”.

A iniciativa tem como objetivo lançar um olhar para desafios da ciência atual ligadas ao setor e, de alguma maneira, surgiu com a criação do Programa de Pós-Graduação em Agronegócios no Centro de Estudos e Pesquisas em Agronegócios da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CEPAN-UFRGS), na virada do século.

“A partir de 2013, entretanto, buscou-se definir um tema central para sinalizar desafios futuros da ciência com influência no agronegócio. Por isso, o encontro se transformou no Simpósio da Ciência do Agronegócio que chega nesse ano, a sua nona edição, com o tema “O agronegócio da biodiversidade”.  Temas como “Empreendedorismo e inovação”, “Cadeias de suprimento curtas e globais”, “Bioeconomia”, “Agricultura urbana”, “Big data” e “Serviços ecossistêmicos” também já foram abordados

O evento acontecerá nos dias 7 e 8 de outubro, de forma virtual e com inscrições gratuitas.