Gabriela Salazar, da redação
A pujança do agronegócio é inegável. Campanhas reforçando que o setor “é tudo” se popularizaram entre os que, até então, eram apenas consumidores e que, muito provavelmente, não haviam mensurado a magnitude deste segmento para a economia brasileira. Seus 18,20 milhões de empregados e US$ 101,7 bilhões, fruto das exportações no último ano, não deixam dúvidas: o setor é mesmo a riqueza do Brasil.
Entre as lideranças deste bilionário mercado estão as proteínas de origem animal. Somente em 2018, a avicultura foi responsável pelo embarque de 4,1 milhões de toneladas de carne, seguida pela bovinocultura, que exportou 1,35 milhão. A suinocultura, que hoje mostra uma forte tendência de alta, embarcou 549 mil toneladas e os pescados, somente em tilápias – produto com maior representatividade no mercado externo, obtiveram 712.140 kg embarcados.
Todo esse volume produzido aqui toma rumos distintos lá fora e conquista, cada vez mais, o mercado externo. As constantes missões internacionais lideradas pelos chefes de governo nos rendem manchetes cheias de otimismo: China pode autorizar exportação de 78 frigoríficos, Exportações mantém ritmo com novos mercados, MS se prepara para a demanda internacional.
Para pensar nas ações que estimulem essas vendas para fora é preciso ver além da individualidade de cada cultura. Um exemplo disso, é a esperada expansão da venda de carnes para a China. A Peste Suína Africana (PSA), que vem devastando o país, abriu portas para todas as demais proteínas, como citaram especialistas do Rabobank, em reunião com a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Tereza Cristina, em sua recente missão pela Ásia.
“O setor de proteína animal tem papel estratégico para o Brasil. Em uma cadeia produtiva que envolve 4,1 milhões de empregos diretos e indiretos, apenas nos setores de aves e de suínos, são mais de US$ 8,5 bilhões em divisas provenientes dos embarques de produtos avícolas e suinícolas. Gera emprego e renda para os municípios brasileiros, especialmente em municípios do interior do Brasil”, comenta o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal, Francisco Turra.
Uma única luta. A união entre a cadeia de proteína animal é um tema que vem sendo debatido há tempos e ao que creem os representantes do setor, tende a favorecer o mercado como um todo. O presidente Executivo da Peixe BR, Francisco Medeiros, citou, durante entrevista ao nosso portal, essas ações conjuntas partindo até mesmo do produtor. “Hoje das cinco principais marcas produtoras de frango no País, três ou quatro já trabalham com a comercialização dos pescados”, enfatiza.
A crescente do mercado aquícola é uma referência para essa integração de culturas. Segundo Medeiros, essa é uma tendência que está presente no setor produtivo com mais força há aproximados cinco anos. No caso dos pescados, o presidente aponta a equiparação com o custo do frango ao consumidor final e salienta que nas próximas décadas a aproximação com outras produções é algo já esperado.
Frente a esse cenário de transformações, as ações conjuntas têm se intensificado. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) é uma das responsáveis pela promoção destas campanhas fora do País. Medeiros relata que o pescado foi um dos últimos a integrar esse quadro, mas que, atualmente, importantes consultorias sobre o mercado externo estão sendo realizadas com o apoio da agência.
“No início de 2018 passamos a integrar algumas ações da Apex, já participando de uma feira de Food, nos Estados Unidos, e mais recentemente, participamos de missões internacionais pela Ásia e para Israel, junto com a comitiva do presidente, Jair Bolsonaro”, explica o presidente da Peixe BR, sobre os avanços da proteína junto as demais.
O presidente da Peixe BR também ressalta a importância desta união em prol de políticas públicas, como é o caso da carcinicultura, que pleiteia algumas demandas conjuntas com a psicicultura. O setor, no último ano, teve uma alta significativa em sua produção (18%) e projeto um importante crescimento para os próximos anos.
Juntos – no bônus e no ônus. As crises de imagem do Brasil no exterior também afetam todos as proteínas, como nos casos em que exportações foram paralisadas por conta dos abcessos, como coloca Medeiros: “É Importante trabalhar a cadeia de proteína animal em conjunto, assim o setor obtém os ônus e bônus, mas isso não é motivo para preocupação, e sim para trabalharmos juntos pela imagem do Brasil”.
Exportações, consumo interno, políticas públicas, custeio, preservação da imagem do setor, saudabilidade, status – não faltam motivos para o setor lutar em conjunto, e ao que tudo indica, isso já vem ocorrendo e só tem a trazer, ainda mais, vantagens aos produtores.