Camila Santos | [email protected]
A pressão causada pelo aumento na oferta de ovos no mercado interno e a valorização dos principais insumos, como o milho e o farelo de soja, tem impactado diretamente o poder de compra dos avicultores paulistas. Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os preços dos ovos seguem em queda ao longo de setembro, enquanto os custos com insumos, essenciais para a produção, estão em alta. Esse cenário agrava a situação financeira dos avicultores, que enfrentam o sexto mês consecutivo de perda no poder de compra em relação ao farelo de soja e o terceiro frente ao milho.
O milho e o farelo de soja, principais componentes da alimentação das aves, têm seus preços pressionados por diversos fatores, como a dinâmica de oferta e demanda no mercado agrícola e a valorização cambial. A leve alta no farelo de soja, mesmo sendo menor que a do milho, contribui para o aumento nos custos de produção. “Essa combinação de maior oferta de ovos e elevação dos custos com insumos cria um cenário de baixa rentabilidade para o avicultor”, explicam pesquisadores do Cepea.
Apesar do cenário atual de dificuldade, o setor avícola brasileiro tem apresentado crescimento robusto nas últimas décadas. Dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) indicam que a produção de ovos no Brasil cresceu quatro vezes, colocando o país entre os cinco maiores produtores globais. Essa evolução foi impulsionada pela adoção de inovações tecnológicas em nutrição, manejo e genética, o que aumentou a eficiência das granjas e permitiu atender à crescente demanda doméstica, com o consumo per capita saltando 195%, para 242 ovos por habitante ao ano.
A evolução tecnológica é um pilar importante para a sustentabilidade do setor, porém, o cenário atual exige atenção redobrada por parte dos produtores. O desafio agora é encontrar soluções que equilibrem a alta dos insumos com uma oferta mais controlada de ovos, visando garantir uma produção rentável e sustentável.
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